FMM Sines 2024 (24.07.2024)
A primeira noite em cheio no Castelo de Sines, após o aquecimento feito na véspera pela habitual aparição da Orquestra Locomotiva, abriu com Salvador Sobral que logrou, por fim, ser escalonado para o FMM. Depois de muito tentar, recorrendo aos mais diversos projectos sónicos, Salvador chegou a Sines no momento certo, dado que trouxe o seu registo mais global. Sempre com uma musicalidade refrescante e um humor bem sui generis a percorrerem-lhe o corpo, e além dos temas do actual “Timbre”, brindou o público com algumas canções de terceiros (como Sérgio Godinho ou Ray Charles), cabendo-lhe ainda a façanha de interpretar (provavelmente pela primeira vez) uma canção vencedora da Eurovisão. Foi claramente o melhor número desta quarta-feira.
Seguiu-se a honrosa visita da actual Ministra da Cultura do Brasil, Margareth Menezes, que não veio para um comício, mas sim para oferecer um leque de composições bem características da sua Bahia, propagadas superiormente pelo seu portentoso aparelho vocal. Sines pôde apreciar e cantar ainda o samba-reggae ou o olodum nesta vigésima quarta digressão da cantora brasileira, que conta invariavelmente com a apoteose geral no êxito «Divindade do Egito».
Saigon Soul Revival eram os próximos a entrar em acção, tentando levar a plateia à boleia da sua sonoridade até às épocas douradas do panorama musical do Saigão. E com a sua simpatia, aliada obviamente com os dotes dos executantes, foram conseguindo levar de vencida este desafio, gerando um interesse progressivo relativamente ao que ia ecoando do palco.
Para rematar a primeira noite ao nível do palco do Castelo surgiu Mezerg que, munido dos seus teclados, sintetizadores e teremim, montou uma verdadeira discoteca intramuralhas, gerando envolventes ondas em que não só funde várias correntes (como a electrónica e o jazz, por exemplo), como parece fundir-se também com os seus instrumentos. É uma daquelas figuras que surge sozinho em palco, mas consegue preenchê-lo inteiramente com a sua arte, que transborda para os presentes que pouco ou nada resistirão ao ritmo que vai imprimindo.
Parecia quase um fim de festa, porém ainda restavam as actuações agendadas para o palco da Av. Vasco da Gama. Foi por lá que Florence Adooni e seus comparsas leccionaram uma aula sobre como bem misturar géneros musicais, sendo ambos representantes do seu país. O frafra, bradado pela cantora, e o highlife, oferecido essencialmente pelos metais, formaram um ramalhete bem suculento, capaz de manter acordados o público mais desgastado.
Encontrem aqui todas as reportagens do Festival Músicas do Mundo 2024.
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