Les Baton Rouge @ Musicbox (23.03.2013)
Riffs sónicos e slogans viscerais no décimo-quinto aniversário da banda
Com organização da Void Creations, fomos convidados a entrar na enorme onda de energia que foi a celebração dos 15 anos de carreira dos Les Baton Rouge, no Musicbox em Lisboa.
Seria com os Dirty Coal Train e o seu garage rock que se aqueceria um público representado por diferentes gerações. Assim, e com nuances surf, canções curtas e directas, transmitiriam o que se quer de um bom concerto rock: dançar e esquecer o 9 às 5 do dia-a-dia. Destaque para as músicas do EP recentemente editado, “Killer Brains From Venus”, em particular, «Dress Code», «I Am Monster» e «Evil Rising», que em concerto adquirem um vigor novo.
Passávamos de seguida para um outro patamar com os anfitriões da noite. Quem já viu um concerto de Les Baton Rouge sabe bem do que se vai aqui falar. Sem manhas nem artimanhas começa um espectáculo de culto. Porque esta é uma banda com uma imensa história, sendo considerada uma das mais relevantes e influentes no punk rock em Portugal.
A viagem por 15 anos de carreira começa com «Carburator» do novo EP “Canal Express”: tema forte que em nada fica a dever ao passado da banda; as vozes de Suspiria Franklin e James Jacket complementam-se na perfeição e adquirem tons cinematográficos com uma paleta rock a servir de suporte.
Ouvimos temas clássicos como «Life Beyond Mirror», com as suas mudanças de ritmo esquizofrénicas, ou «Chloe Yurtz» e «Somersault», com a respectiva energia punk e ritmos hipnóticos. Somos presenteados também com os restantes temas de “Canal Express”: «So Much For Evolution», «Punch Timeline» e «Abrasive Humdrum», onde se navega pelo post-punk e por um rock alternativo sempre atrevido e imprevisível. Riffs sónicos e slogans viscerais, vocalizados por Suspiria de forma eclética, alternam entre o uso de melodias sedutoras e linhas vocais monocórdicas com atitude.
Num mundo hiper-masculino, orientado pela testosterona e dominado por homens, é refrescante ouvir uma banda onde isso se torna obsoleto; uma banda que musicalmente nos surpreende a cada instante, metamorfoseando influências para nos presentear com pura energia, feeling, e uma performance tecnicamente irrepreensível, fruto de muitos anos de estrada, conseguindo transmitir durante todo o concerto uma adrenalina que nos pôs o sangue a fervilhar.
Assim sendo, e perante este cenário, saímos com uma sensação de que assistimos a algo que foge aos moldes banais, e que dispõem das ferramentas que lhes permitirão continuar a vingar, seja dentro ou fora do País.
Fotografia por João Folgosa
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