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“Mi querida Neurosis”

O espectáculo de Fiorella Kollman (Peru) encerrou o 5º ciclo das Mulheres Palhaço do Chapitô

Fiorella Kollman foi a última Mulher Palhaço neste encontro. Apresentou o seu espectáculo “Mi querida Neurosis” no último fim-de-semana de Maio no Chapitô. Apesar de o texto ter sido escrito por ela, a encenação foi de Paloma Reyes de Sá.

Ao contrário dos outros dois espectáculos, que foram apresentados neste ciclo, este tinha o palco cheio de objectos cénicos. E o espectáculo começou no meio dessa grande confusão. Kollman estava escondida a dormir por debaixo de umas grandes mantas. Da mesma forma que começou o espectáculo, terminou-o. Deitada, naquelas mantas cheias de pó, mas desta vez com um membro do público a dar-lhe carinho ao lado dela.

Interagir com o público foi um processo que Kollman foi trabalhando, apresentando um Clown com medos e inseguranças, como qualquer ser humano. O que não parece muito humano é o amontoado de tralhas que este Clown recicla e guarda. Tudo o que os outros não querem ele guarda…

Este não é um espectáculo com uma única história, é mais um espectáculo que contém vários episódios. Desde que acorda até que se deita. E esses episódios não são mais do que neuroses da própria Kollman. São a nível de “higiene, sexo, comida, amor, dinheiro, afectos e solidão.” Tudo isto eram coisas que a perturbavam realmente e decidiu trabalhar sobre si mesma. Quando lhe perguntámos se ela achava que era mais rico o público saber a história de cada episódio, disse que não, que o público não tem que saber, mas sentir. Todos os objectos foram aparecendo e, tanto ela como a encenadora, foram guardado e trabalhando com eles.

E, tal como o público foi avisado na sinopse, sentiu “uma libertação em relação às suas próprias “queridas neuroses”. De alguma forma o público sentiu uma ligação com este Clown, entendeu-o e compreendeu-o.

De todos os espectáculos ocorridos neste ciclo este pareceu o mais inesperado. A determinada altura surge a dúvida se o espectáculo era assim de raiz ou se modificava conforme a reacção do público.

Os espectáculos deste ciclo de Mulheres Palhaço estão vivos, e com bastante energia. É pena não se ver esta vontade e disponibilidade de estar em palco em todas as peças portuguesas, em todos os actores.

Esperamos que o próximo ciclo venha depressa. Não o vamos perder. Obrigada Chapitô por fazerem o que mais ninguém faz em Lisboa.



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