“Veni Vidi Vici”
O 5º Ciclo de Mulheres Palhaço continua no Chapitô com a nova-iorquina Deborah Kaufmann
Kaufmann chega de Nova Iorque e vem até ao Chapitô com o espectáculo “Veni Vidi Vici”, dirigido por Janet Sturm e Wellington Nogueira.
Procurar o local ideal para fazer um piquenique não é tarefa fácil. Descobre-o bem no centro da sala de espectáculo e, com um movimento poderoso, quase mágico, consegue ir aumentando esse lugar ideal e possuir tudo o que quer…
Ela entra com ar de quem procura alguma coisa, sem que se perceba muito bem o quê. Não há nada em palco. Assim que encontra o que quer, marca-o no chão. Encontrou o lugar ideal! Precisa de o aumentar, e consegue. A participação do público neste espectáculo é importante, porque… até o público Deborah consegue possuir e controlar…
O público reage ao que vê, talvez se identifique com as emoções que saem daquele corpo. O espectáculo está montado mas nem todas as emoções estão seleccionadas, entende-se que é um espectáculo vivo e que vive do presente, do momento. E isso tem bastante graça. É divertido descobrir as reacções e emoções inesperadas de quem está em palco. É igualmente divertido assistir às reacções do público ao ver o que se passa em palco. É um espectáculo que nunca se consegue imaginar o que vai acontecer, é um espectáculo cheio de surpresas.
Nunca vi em palco tanta diversidade de emoções e representada com tanta verdade na mesma pessoa… É fabulosa a rapidez com que Kaufmann consegue mudar de um estado de emoção para outro completamente oposto. É a coragem de expor emoções e criar um espectáculo que joga, muito bem, com isso. Emoções positivas e negativas, claro. Mas dando tanta importância a umas como a outras, sem esconder nada, o que, por vezes, parece assustador.
Quanto à história do espectáculo, não há muito mais a dizer. É uma história simples onde as emoções ganham uma importância fora do comum e onde se criam ligações de entendimento sem palavras. Esta personagem fica muito contente quando as coisas funcionam bem, principalmente quando consegue o que quer, e fica aflita quando percebe que não há solução para os seus problemas; fica raivosa, fica possessiva, fica diabólica…
É uma mistura de dança, teatro, circo, magia, com um bocado de Bufão. O Bufão, escreveu a Associação Rir de Nós, “Diverte-se a reproduzir à sua maneira a vida dos homens através de jogos e de loucuras. Através desta loucura é-lhe mais fácil dizer ao mundo o que pensa sobre ele.”
Todo o espectáculo é um mundo de ganância, cheio de malícia e aquisição. Cheio de impulsos tanto vindos do palco, como do público, estes dois mundos que no início pareciam separados, no fim do espectáculo misturam-se. Chegará o público a ser um Bufão, mesmo que não se aperceba disso?
O 5º Ciclo de Mulheres Palhaço continua de 18 a 20 de Maio com Deborah Kaufmann. Para o próximo fim-de-semana espera-nos Fiorella Lollman vinda do Peru, de 25 a 27 de Maio.
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