Russian Red
Um novo talento do Indie espanhol ao telefone com a Rua de Baixo.
A artista espanhola Russian Red (pseudónimo inspirado pelo shade de batôm que usa, plamordedeus!) está prestes a lançar o seu segundo álbum, “Fuerteventura”. No seu país já é um nome conhecido, tendo vingado tanto nos prémios (foi condecorada Melhor Artista Espanhola pela MTV e o seu novo álbum figurou na lista de melhores do ano de 2011 da Rolling Stone espanhola) como nas vendas (“algo inédito para uma artista local que canta em Inglês”, reza o press release – mais alguém sente uma nostalgia imediata pelo tempo dos Silence 4 ao ler esta frase?); por aqui, ainda é uma artista por descobrir.
Ouvindo o seu novo álbum, pouco espanta que se trate de um sucesso de vendas e que o hype escolhido para a cantora se centre na ideia de uma “Feist espanhola”; mas seria injusto colocá-la somente na área do Indie-Mainstream-feito-para-vender-tarifários-de-telemóveis. Há uma atenção ao detalhe nas suas canções, e um sentido artesanal, que valoriza bastante a sua música e que a coloca na mesma área de nomes como Camera Obscura, Veronica Falls e Secret Cities. Indie Pop à antiga, portanto, bonito, trauteável e melancólico. A condizer, “Fuerteventura” conta com a produção de Tony Doogan e a participação de Bobby Kildea, Stevie Jackson, Richard Colburn e Mick Cooke, todos dos míticos Belle & Sebastian. A Rua de Baixo conversou com a artista, em antecipação da sua actuação no Vodafone Mexefest em Março, no Porto.
Como foi trabalhar com Tony Doogan e com membros dos Belle & Sebastian?
Foi um grande prazer… senti-me mesmo sortuda por poder trabalhar com estes músicos. De início nem queria acreditar, simplesmente não parecia credível. Mas só houve bons sentimentos… foram todos muito generosos, e acho que para além da relação profissional conseguimos estabelecer uma relação humana. Sou uma fã absoluta dos Belle & Sebastian, portanto de início foi um pouco avassalador, preocupava-me se conseguiria sequer comportar-me de forma normal ao pé deles.
És criticada por cantares em Inglês?
Nem por isso, mas é uma pergunta que surge muito, “porque é que cantas em Inglês?” Eu acho que é tão válido como qualquer outra opção; gosto da língua, sinto-me confortável com ela.
Qual é o processo de construção das tuas canções?
Depende se estou em casa ou se estou algures ocupada.
Em casa, normalmente acontece quando estou a relaxar, começo a pegar na guitarra ou a mexer no piano e as palavras chegam quase subconscientemente… depois tento configurá-las até chegar à letra final.
Se estou em digressão, é mais uma questão de ir criando a melodia com a minha voz e ir tirando notas.
Qual foi a música mais difícil de escrever no novo álbum?
Provavelmente «The Sun The Trees». Começou muito mais lenta, foi preciso entrarmos no estúdio para que ganhasse uma estrutura mais clara. O Stevie Jackson é responsável por ter recebido aquele toque mais Pop, que adoro.
E a tua favorita?
Acho que a «Nick Drake», porque tem uma estrutura tão estranha. A primeira parte é muito diferente da segunda, mas mesmo assim é coerente. E gosto muito da guitarra eléctrica na segunda parte.
O Nick Drake é uma influência?
Estava a ouvir muita música dele quando a escrevi, e aquele appergio no início fez-me lembrar canções dele… então por um tempo, a música chamava-se «Nick Drake» só mesmo porque era a minha maneira de me lembrar de qual era.
Planos para o futuro?
O álbum vai ser lançado pela Europa, Portugal, França, Reino Unido, o que é excitante. Vamos andar em digressão. E continuo a escrever canções, mais para me divertir.
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