Super Bock Super Rock 2015 | Dia #2 (17-07-2015)
A revelação e a celebração
Se Benjamin Clementine confirmou ser a revelação da 21ª edição do SBSR, os Blur arrebataram a plateia; nem precisavam terem trazido um chicote mágico para pôr tudo aos saltos.
Ao segundo dia, o Super Bock Super Rock já mostrava mais público logo nos concertos da tarde, desde logo notório durante a prestação de Sinkane no palco EDP, mais um nome promovido do Vodafone Mexefest. O som de Sinkane poderia servir para fazer a ponte entre este festival e o Festival de Músicas do Mundo de Sines, que curiosamente arrancou neste mesmo dia. As origens sudanesas de Ahmed Gallab nunca ficam fora das suas composições, ao mesmo tempo que as conjuga com outras tendências mais universais, como a soul e o jazz.
Depois de um compasso de espera, visto que o palco secundário era o único em funcionamento, a mui aguardada estreia de Benjamin Clementine em Portugal. E, tal como tínhamos previsto na antevisão do festival, o inglês acabou por ser a grande revelação da 21ª edição do SBSR.
Terá sido quase impossível alguém ficar indiferente às suas composições a transbordar melodrama, àquela voz monstruosa e ao facto de encarar o público de frente, fazendo questão de manter sempre o contacto visual entre ambas as partes. Ficámos a ansiar por mais e esperamos que o nosso desejo seja saciado em breve.
Chegou então a altura de irmos espreitar a abertura do Palco Antena 3 que ficou a cargo dos White Haus na Sexta-Feira. O projecto do X-Wife João Vieira mostrou-se em boa forma, num registo sempre dançante que foi mantendo o público por aquela zona.
Enquanto isso, os Kindness já tinham começado a deliciar os seus famintos fãs no palco EDP. Em concerto o seu som fica muito mais orgânico, deixando eventualmente respirar melhor as canções da banda de Adam Bainbridge, que atravessa a actuação sempre numa activa interacção com o público. O culto deste inglês em Portugal cumpriu positivamente mais um capítulo.
Arrancava por esta hora o palco principal, onde assistimos a uma sólida actuação dos The Drums. O som mais singelo dos discos ganha, ao contrário do que normalmente acontece, uma maior profundidade ao vivo. Ou, quiçá, tal suceda devido ao natural amadurecimento da banda. «Down By The Water» foi um momento especialmente bonito.
No palco EDP estavam já as Savages, num concerto onde a pala do Pavilhão de Portugal poderia eventualmente correr sérios riscos, tal não é o poderio das guitarras destas londrinas. Com o seu post-punk sempre presente, deliciaram mais uma vez os seus inúmeros seguidores portugueses.
Jorge Palma e Sérgio Godinho folheavam já o cancioneiro de ambos no palco Super Bock quando retornámos ao palco Antena 3, num claro movimento de rejuvenescimento da música nacional, para assistir à performance de Best Youth. E, à imagem do sucedido no dia inaugural com Mirror People, testemunhámos novamente uma banda a provar a qualidade do seu disco em palco. «Mirrorball», «Red Diamond», «Hangout», são já temas conhecidos e adorados pelos ouvidos mais atentos. Destaque também para o tremendo cover de «My Moon, My Man», de Feist. Uma exibição muito segura e recheada de coisas boas.
Para a MEO Arena estava agendada uma nova aparição de dEUS em palcos lusos, que sempre os veneraram. Foi um alinhamento extremamente parecido com aquele apresentado em Paredes de Coura no ano de 2012. Mais uma vez o som do pavilhão não se mostrou propriamente definido, o que não ajudou muito a quem não é profundo conhecedor do catálogo de canções geniais dos belgas.
Ainda assim, apesar de não ter passado da ponto morno, nunca é demais ouvir temas como «Instant Street», «Quatre Mains», «Bad Timing» ou «Suds & Soda».
Do morno passámos para um concerto escaldante proporcionado pelos Blur, que eram o nome maior deste segundo dia de SBSR. Entraram com «Go Out», primeiro single do recente álbum “The Magic Whip”, e mostraram imediatamente ao que vinham, cheios de garra. Pouco mais poderíamos exigir do alinhamento apresentado, visto que proporcionou uma viagem bastante clarividente pela carreira da banda, tocando pontos estratégicos como «There’s No Other Way», «Coffee & TV», «Beetlebum», «Song 2», «Girls & Boys», ou «Parklife» (na qual um fã subiu ao palco para ajudar Damon Albarn nos refrões). Isto comprova-se pelo facto de apenas 4 das 22 canções apresentadas pelos Blur pertencerem ao novo álbum que, pela lógica, seria um dos esteios desta actuação. O final dificilmente seria mais perfeito do que «The Universal», que permitiu a todos sair do pavilhão com a alma aquecida.
Para quem quis prolongar a noite, ainda foi a tempo de apanhar o abusado dubstep emanado pelos decks de Gramatik.
Fotografia por José Eduardo Real. Galeria do primeiro dia aqui; Segundo dia aqui.
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