Super Bock Super Rock 2013 | Dia #2 (19.07.2013)

Super Bock Super Rock 2013 | Dia #2 (19.07.2013)

Os adornos da superbanda

Reportagens: Dia 1 // Dia 3

Ao segundo dia, o rock continuou no Meco, mas foi o R’n’B suado de Miguel que conquistou o prémio de melhor actuação. A honestidade compensa e, neste caso, venceu o fogo de artifício dos The Killers.

Pelas 20h, as atenções dividiam-se entre os Black Rebel Motorcycle Club – a mostrar que o que fazem ainda lhes dá gozo e a terminar com a longínqua, mas saudosa, «Spread Your Love» – e Manuel Fúria e os seus Náufragos. Os 10 portugueses em palco (guitarras, percussão, violino e sopros) asseguraram um belíssimo arranque de concertos no palco secundário, com os temas do LP “Manuel Fúria Contempla os Lírios do Campo”. O fundador da Amor Fúria é um bom capitão que navega pelas paisagens rurais que lhe são familiares e que soam autênticas ao público. E se dúvidas restavam das suas raízes populares, a surpreendente versão de um tema de Tony Carreira («Sonhos de Menino») arrumou a questão.

Os Midnight Juggernauts foram os senhores que se seguiram e talvez tivessem merecido ter subido um escalão no alinhamento do palco EDP. A electrónica quente dos australianos (que deram neste festival o último concerto da sua digressão mundial) pede mais um copo na mão que dois hambúrgueres no bucho. Este terá sido, aliás, o horário menos movimentado no recinto; a fila para o Multibanco era reveladora disso mesmo. E foi exactamente aí que ouvimos o óbvio sobre Mike Patton – à altura, a liderar os barulhentos Tomahawk no palco Super Bock: “Este gajo caga projectos como quem vai à casa de banho”.

Felizmente, há bandas fiéis ao seu público. É o caso de Ricky Wilson e dos seus Kaiser Chiefs: o vocalista britânico precisa dos palcos como quem precisa de água para sobreviver e isto é o mínimo que se pode dizer de alguém que já actuou com um tornozelo partido (Paredes de Coura, 2005), sem sacrificar as manobras de palco, nem o alinhamento.

O concerto desta noite foi, como se esperava, altamente enérgico, com todos os temas mais conhecidos a serem disparados pelas guitarras de Andrew White e Simon Rix. «Na Na Na Na Na» e a mais recente «Never Miss a Beat» fizeram dançar mesmo aqueles que ali esperavam o começo de uma das mais aguardadas actuações de todo o festival, no palco EDP.

Miguel é o artista total. À semelhança de Prince, tem no falsete uma das suas maiores armas e movimenta o corpo com lascívia q.b., fazendo brilhar as sensuais «Pussy is Mine», «The Thrill» e «Use Me». Incluindo um momento mais íntimo e confessional (boa táctica para afastar aqueles que ali estavam a fazer ruído a mais para um espectáculo que pede maior entrega do público), o norte-americano com nome de português ofereceu uma performance intensa e electrizante, suportado pela óptima banda (guitarra eléctrica, baixo e teclados). Foi uma estreia grandiosa no Meco, uma aposta mais do que ganha da organização, definitivamente um dos concertos de todo o festival, a fechar com a celebrada «Adorn». Esperamos ansiosamente o regresso num espectáculo em nome próprio.

Rumo à actuação dos cabeças de cartaz do dia – os The Killers -, foi difícil manter o nível de entusiasmo gerado no palco secundário. Sobretudo porque Brandon Flowers tem o aspecto de um vizinho simpático e cordial em quem não confiamos verdadeiramente – recorde-se a atitude de início de carreira, mais irreverente e agressiva, muito longe desta e(pop)eia que vendem com sucesso, mas que soa a falso. Esta convicção saiu reforçada quando, no encore, o norte-americano pareceu mostrar a sua verdadeira raça ao interpretar a excelente «Mr. Brightside», com uma intensidade que não detectámos no restante alinhamento. Estes rapazes sabem, contudo, dar um espectáculo (não é por acaso que são de Las Vegas): com uma cenografia e um desenho de luz que enchem o olho (e, até, fogo de artifício), a banda é também ela muito competente e teve o seu momento para brilhar, com direito a solos do guitarrista e do baterista.

Com o último dia de Super Bock Super Rock prestes a começar, já temos a «No One Knows» em loop na cabeça, à espera dos muito aguardados Queens of the Stone Age. Destaque também para Gary Clark Jr. e os !!!.

Fotografia por Graziela Costa. Vejam aqui a galeria do primeiro dia; segundo dia.



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