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COLAPSO.1 ou 4 cenas 3 solos e um solilóquio

Breathe In, Breathe Out. Here We Go!

Sob o pano de fundo da crise económica portuguesa, a peça COLAPSO.1 do Colectivo d’As Entranhas é, sem dúvida, uma das melhores alternativas à austeridade. Sim, porque se a tragicomédia da vida política portuguesa é de muito má qualidade, aqui a história é outra.

Uma história que reinventa a área do teatro e a transpõe para um campo de acção muito para além das fronteiras do campo das artes. Aqui, em palco, a arte acompanha o colapso português e a emergência da crise global e da depressão financeira.

No total, são sete personagens que, a partir de textos originais dos intérpretes, nos convidam a experienciar um teatro que sai do universo das representações do imaginário para dar lugar a um teatro que nos revela os nossos próprios dilemas e as questões mais urgentes da nossa vida. São homens e mulheres comuns que sofrem dos mesmos problemas que eu e tu, e que nos vão relevando um pouco da nossa vida em formato zapping.

A peça tem início num ensurdecedor jogo de sombras, começando nesse instante a construir-se um sem fim de possibilidades de interpretações. Cada personagem, em separado ou em colectivo, vivencia uma variedade de conflitos aos quais associamos uma crescente relevância e necessidade de transformação, pela aproximação ao nosso quotidiano. Aos nossos próprios conflitos.

Uma necessidade de saltarmos para o centro da acção, de alterarmos o rumo da história. Não da deles, mas da nossa. O público não é remetido para um sentimento de comodidade em relação ao espectáculo. Pelo contrário. Os níveis de ansiedade, disrupção e frustração são eventos, coincidências e repetições que tão bem reconhecemos. As dicotomias entre a pobreza e a riqueza, o sucesso e o fracasso, o amor e o sexo. Exploram-se os duelos entre o Homem e o passar do tempo, a memória e o esquecimento, o ir e o ficar. Expõem-se as vergonhas. Os negócios. O poder. Os do poder.

Fala-se das Marias e dos Josés. As que não têm ninguém, e os ‘Ninguém’.

São colapsos. São existenciais, são nervosos. São deles, são nossos. Mas sabemos que um dia vão ter fim. Um dia vamos despedir-nos. Um dia saímos porta(ugal) fora.

O que não nos apetece é sair sala fora no final da peça. Podemos rever?

 
Uma peça para ver até ao dia 6 de Outubro. De Quarta a Sábado às 21:30 e Domingo às 16:00 no Teatro da Trindade. 



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