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Entrevista a Zeca Baleiro

Breve conversa com o músico brasileiro que visita Portugal para um espectáculo especial na companhia de Zélia Duncan.

Zeca Baleiro lançou no passado mês de Abril, “Era Domingo”, o décimo segundo disco de originais. O álbum, como o cantor e compositor descreve, é sobre a sombra, a solidão e a esperança. Zeca Baleiro apresenta-se em Portugal com a artista Zélia Duncan para um concerto único. Ambos vão dividir o mesmo palco pela primeira vez no Porto (7 de Outubro no Coliseu) e em Lisboa (8 de Outubro no Campo Pequeno) para reviver temas autorais.

Tivemos oportunidade de colocar algumas perguntas ao músico brasileiro.

Já passaram dezanove anos de carreira e já lançaste doze álbuns. O que é que mudou no Zeca Baleiro, enquanto artista, desde 1997?

Ah, posso dizer que mudei bastante, a começar pelos cabelos grisalhos (risos). Acho que sou melhor artista hoje.

Ao longo destes anos, consideras que a música tem um papel cada vez mais interventivo? E achas que é esse o teu “dever” enquanto músico?

Infelizmente, no Brasil, o que se vê é o conceito de entretenimento na música mais forte que qualquer outra coisa. Nada contra, afinal sou adepto da dança e da alegria também. Mas, num passado recente, a música já teve maior poder de intervenção política e social. Não sei se o artista tem que ter um dever, mas tem um poder nas mãos e seria bom poder usá-lo para mexer em certas estruturas.

“O sol, enfim, chega e varre a beira-mar. Traz luz. E redenção.” É assim que descreves o teu último disco: “era domingo”. Como foi o processo de composição deste álbum?

Foi muito triste e solitário. Eu compus esse disco num tempo de muita introspeção e melancolia, tempo de perdas, de obscuridade política. Ainda assim, tentei imprimir alguma esperança e alegria nele.

 Ao ouvir algumas faixas do teu último álbum, reparei que a tua música oscila entre o espaço, o silêncio e a calma. Havendo sempre uma certa melancolia que rodeia toda a música. É por isso que o disco se chama: “era domingo”? Precisamente por domingo ser um dia da semana mais melancólico, onde todos temos mais tempo para refletir sobre o que se passa à nossa volta?

Pode ser, não havia pensado nisso (risos) … É que compus a canção-título num dia de domingo, numa manhã de domingo, depois de longa madrugada de insônia. Achei isto simbólico.

“Era domingo” é um disco de mudança do Zeca Baleiro ou é uma continuação do que fica por contar nos álbuns anteriores?

Acho que é um disco de mudança. Mas é sempre também uma camada que se acrescenta à própria história.

“E eu tão só/ tão sem ninguém/ em meio ao pó da multidão”. Vivemos num tempo de solidão, apesar de estarmos na era da conetividade. Consideras que a música pode servir de uma benção que nos salva todos os dias desse isolamento?

Sim, um pequeno milagre, sem dúvida. A música ainda tem o poder de aproximar as pessoas, mesmo num tempo tão árido.

E é precisamente para acabar com a solidão que tu e a Zélia Duncan vão dividir o mesmo palco pela primeira vez em Portugal dia 7 de Outubro no Porto e dia 8 em Lisboa. Como é que surgiu esta ideia?

Também (risos). Foi um convite que surgiu há dois anos, para tocarmos em Salvador, Bahia, para um único show. Depois continuamos o projeto e cá estamos.

Como é partilhar o palco com a Zélia Duncan?

Zélia é muito amiga, muito musical e amorosa. Nos damos bem.

Para quem nunca viu um concerto vosso. O que pode esperar?

Intimidade e calor.

 

 

 

 



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