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Floating Points

A potencial ciência de fazer música

A música é uma aventura imaginária de acção magnânima. Versada de múltiplas consciências mantém diversas relações com distintas áreas, como por exemplo: a ciência.

Na antiguidade clássica, a música já era considerada uma das artes mais ligadas à Matemática e à Física. Para os pitgóricos era “um símbolo da harmonia do cosmos; um meio de alcançar o equilíbrio interno do espírito do homem”.

Também Gottfried Leibniz (1646-1716) filósofo e matemático alemão, corroborava a ideia afirmando que “a música é a conta aritmética oculta no espírito inconsciente”.

Na actualidade essa relação é destacada, aqui, por Samual Shepherd, jovem produtor britânico, também conhecido por Floating Points.

Shepherd tomou o primeiro contacto com formação musical, aos 8 anos, quando foi forçado a aprender piano. A pressão enfatizou-se fazendo com que odiasse as aulas. Como se não bastasse passou pela experiência de menino-de-coro, na Catedral de Manchester.(o que os devaneios parentais podem provocar!!!)
Mas este desembarque individual foi projectando Sam Shepherd para a composição musical, despertando curiosidades por todo o universo e transversalidade da linguagem sonora (e ainda bem).

Entra na Cheethams School of Music, onde estuda jazz, piano e composição, começando a.contactar com os vários aspectos e géneros musicais. A articulação com os interiores da consciência leva-o a explorar vários sons, não conseguindo, porém, render-se apenas a um. Mistura tudo o que gosta: ‘sintoma’ que classifica como: just a big mess.

Quase a enveredar pelo estudo de composição clássica, no Royal College of Music, decide rumar a uma direcção oposta. Guess what? Farmacologia. Opta por tornar a música uma transpiração própria e paralela.

O nome Floating Points surge do título de uma música que compôs, durante o seu percurso na Cheethams School of Music. As pessoas pensando que era o seu nome-de-guerra, começaram a associar-lho.
Faz todo o sentido porque Floating Point é um sistema de representação de números muito grandes ou muito pequenos, criado por Konrad Zuse – engenheiro alemão que inventou o primeiro computador electromecânico (z1 e z3).

A sua música representa essa variação de estilos que abraça um largo espectro, levando-nos a flutuar pelo cosmic house, disco, dubstep, techno, boogie e jazz.

Peoples Potential, editada recentemente, pela Eglo Records, é um exemplo dessa exponencial criação e partilha que une o piano house, dubstep e techno. Tem a capacidade de reinventar movimentos que nos levam para diferentes enquadramentos de espaço e tempo.

Talvez o facto de ser cientista durante o dia influencie a estrutura musical: entre ensaios medicamentosos nos quais se testam propriedades físicas, efeitos bioquímicos e mecanismos de absorção, viaja sobre a origem e (des)constroi as melodias que nos vai apresentando, sob o mesmo pretexto.

Nas edições lançadas, em 2009, pela Eglo Records destacam-se Vacuum Boogie e For You.
O tema Love me Like This já é lançado pela R2 Records e J&W Beats pela Planet Mu.

No meio destes processos químicos tornou-se um dos mais populares debutantes da cena musical britânica.

O cientista-produtor já meteu nos seus tubos de ensaio experiências como L’amour et la Violence de Sebastien Tellier (2009) pela editora Lucky Number; Sing, dos Four Tet (2010) pela Domino Records e Eyesdown (2010), de Bonobo, com a participação de Andreya Triana, pela Ninja Tune.

É ainda de referir a colaboração no EP – Mind Travelling (Eglo Records) – de Fatima, no qual reflecte a sua formação clássica: ritmos e dissonâncias saboreadas por um vibrante jazz-spacy-funk.

Estamos sempre em movimento. Manter-nos-emos atentos a eventuais gestos e diálogos para hidratar o quociente musical. Valer-nos-á o contágio poético entre a razão profunda e a pluralidade das interpretações.



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