La Fura del Baus

Um ambiente assustador, associado a uma sensualidade e crueldade muito forte, trouxeram o medo a Lisboa.

Um convite fora de horas, fez com que me dirigisse a um navio perdido num porto na capital. Com uma companhia agradável que já tinha estado presente no último espectáculo deles, o Barco da Fura dels Baus esperava-nos. Um pouco nervoso e farto de ouvir todo o tipo de críticas ao grupo catalão, tentava imaginar que espectáculo trariam eles desta vez a Lisboa.

Esta companhia é conhecida em demasia pelas suas actuações polémicas. Mesmo quem nunca esteve num espectáculo, tem tendência a lembrar-se de que as críticas que leram eram péssimas, e muitas das vezes intimidados pelas mesmas, formam opiniões no mínimo erradas, mas sem dúvida alguma que as actuações são algo chocantes.

O tema da peça que veio até nós neste barco assustador, era bastante simples: o “medo”. A ideia principal era criar um clima de terror, onde as próprias pessoas começassem a perder a noção do que é real e do que era simplesmente fantasia, algo que posso adiantar em alguns pontos que eu próprio me perguntava onde estava essa fronteira.

Todo o navio está caracterizado num ambiente futurístico, e mal entregamos o bilhete e entramos nele, sentimos que o ano 2070 é passado e os sons electrónicos percorrem-nos de forma sombria. O balançar suave do navio deixa-nos nervosos e, ainda o espectáculo não começou e o medo já nos invade.

Na minha humilde opinião, era impossível realizar este tema num sítio neutro, porque sentimo-nos ameaçados logo desde o princípio como se estivéssemos em território inimigo. A possibilidade de andarmos a pé pelo navio, fazendo o nosso próprio espectáculo, torna as coisas muito mais hilariantes. Podemo-nos movimentar livremente durante todo o espectáculo por 3 pisos de acção, onde tudo parece estar acontecer a uma velocidade supersónica.

A viagem dura cerca de 1 hora e posso adiantar que somos surpreendidos por um final rápido demais. Esta foi sem dúvida a impressão que me causou, desde a busca de cobaias, onde perdemos a noção se as pessoas raptadas são público ou membros da Fúria, passando pela sua alimentação e explosão do habitat, acabando na elevação dos próprios deuses, acho que a maioria do público que me acompanhou nesta aventura queria ver mais, pois já se encontravam a vencer os próprios medos.

Dependendo do piso em que nos encontrávamos, existiam sempre as ligações via TV aos outros pisos, onde as próprias imagens deixavam-nos a pensar se o que estava a ser transmitido era real.

A mensagem final é bastante simples: que a passagem por aquele navio sombrio consiga levar com eles os medos de muitos que se encontravam presentes e que desta forma todos consigamos vencer agora mais facilmente pequenos medos da nossa vida que se colocavam à nossa frente como sendo apenas mais um dia no calendário.

Sem dúvida um bom espectáculo, extremamente divertido e um excelente começo de noite.



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