Morreu Lemmy Kilmister vocalista dos Motorhead

Lemmy

Nascer para perder, viver para vencer

Enquanto a maioria de nós apenas sonhava com a imortalidade já Lemmy Kilmister a tinha atingido quer através da sua música, da sua iconografia, das suas verrugas ou da sua lendária filosofia em “Ace Of Spades”: “You know I’m born to lose and gambling’s for fools But that’s the way I like it baby, I don’t wanna live for ever”, que ecoarão para sempre na mente de várias gerações de seguidores assim como de amigos e familiares, porque o amor a Lemmy era tão fácil de apanhar como sífilis numa prostituta vietnamita dos anos 60.

Podíamos falar dele porque os Motorhead se tornaram uma instituição do rock, do punk e do metal que na sua figura eram uma e a mesma coisa, ou podíamos falar dele porque reza a história que dormiu com mais de 2000 mulheres, que deitou um filho para o caixote do lixo, que bebia uma garrafa de Jack Daniels todos os dias, que ingeriu Speed durante 3 décadas ou que nutria simpatia pelo nacional-socialismo, mas nenhum desses motivos seria tão importante como o brilho cromado que a sua mera presença irradiava na alma colectiva de qualquer fã, não de música nem da fama, mas da liberdade. Porque quem viver no limite tem de pagar o preço e Lemmy foi o gajo que passou a vida a fintar morte com tanto estilo que faria corar Maradona de vergonha, seguindo isolado no que era por muitos considerada a via-rápida para a auto-destruição, resistindo a abusos que destruiriam o comum dos mortais em três tempos, tudo em prol de espalhar o evangelho rock durante os seus 70 anos de vida, que, apesar de tudo souberam a pouco.

Não foi o cancro que o levou, não foram o álcool, as drogas, as mulheres, nem mesmo a estrada do excesso que levou Lemmy até às portas do inferno para as arrombar com um dos seus acordes satânicos enquanto aldrabava o diabo num jogo de azar. Nunca nada conseguirá tirá-lo de entre nós porque ele era para o Rock’n’Roll o que Dionísio era para as orgias e Marte para a guerra: a encarnação divina de um estilo de vida envolto em fumo, distorção, ganga, cabedal, gadelhas e penugens faciais. Ah, e não se esqueçam do joker.

Para todos os que nasceram tarde demais para conhecer um dos primeiros arautos do punk rock quando ainda Johnny Rotten e cª andavam nos cueiros dos seus avôs, resta-lhes o legado de Lemmy, quer seja nos Sam Gopal, nos Hawkwind ou nos Motorhead. Mas acima de tudo em todas as suas sapientes e incendiárias palavras espalhadas pelo mundo fora qual grafitti situacionista de Maio de 68 que se podem resumir a uma só pérola que, estivesse Nietzsche ainda vivo certamente a plagiaria para “Assim falava Zaratustra”: Born to lose, live to win.

Ace of Spades

Kill by Death

Probot – Shake Your Blood



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