“Marco Polo” | Hans-Wilm Schutte
O explorador que foi abençoado por um escritor-fantasma
No mundo dos bons exploradores, bem como no da literatura de viagens, Marco Polo é um nome incontornável, associado, como poucos, à ideia de aventuras até paragens distantes cpm a motivação do encanto pelo desconhecido. O seu relato acerca das “maravilhas do mundo” foi o primeiro a versar o Extremo Oriente, constituindo um êxito – e uma inspiração – para as gerações que se seguiram.
“Marco Polo” (Círculo de Leitores, 2013), mais um título da colecção Grandes Exploradores, apresenta um retrato deste aventureiro veneziano que, aos 17 anos – estávamos em 1271 – e na companhia do pai e do tio, se lançou numa longa expedição que o levou pela Turquia, Pérsia, Afeganistão e os Montes Pamires, até alcançar a China em 1275, país que não abandonou senão daí a vários anos. No total, e até ao seu regresso a Veneza, a expedição resumiu-se a uma aventura de 24 anos.
No seu relato, alguns erros perceptíveis despertaram dúvidas sobre se realmente teria chegado à China, mas investigações recentes demonstraram que a sua “descrição do grande mundo” não seria possível se lá não estivesse estado ao longo de vários anos.
Hans-Wilm Schutte organiza os capítulos de forma a apresentar um retrato global do explorador e dos mundos que visitou: o império mongol e a rota da seda, a partida rumo à China, a passagem pela corte de Cublaicão – o qual representou em algumas viagens posteriores, o longo caminho de regresso e a prisão em Génova, cerca de três anos após o seu regresso a Itália.
O livro apresenta, também, um facto que talvez não seja do conhecimento de muitos. Na verdade, não foi Marco Polo, mas sim Musti Chello de Pisa, seu companheiro de cela em 1298, que transcreveu as memórias de Marco Polo nas conversas que tiveram na prisão, acabando por imprimir a sua marca pessoal ao relato do explorador nas suas aventuras pela Ásia, pelas quais se apaixonou convencendo Marco que mereciam ser impressas em papel. Musti foi, provavelmente um dos primeiros escritores-fantasma da História e, sem ele, Marco Polo teria permanecido apenas mais um de entre centenas de comerciantes venezianos que nada deixaram além do nome.
Outros títulos já editados da colecção Grande Exploradores:
Vasco da Gama | Jacques Costeau | Richard Francis Burton | Cristovão Colombo | Alexander Von Humboldt | James Cook | Robert Falcon Scott e Roald Amundsen
Por publicar:
Maria Sibylla Merian | Heinrich Schliemann
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