“O Jogo Final” | Orson Scott Card

“O Jogo Final” | Orson Scott Card

Os fins justificam os meios

Escrito no já longínquo ano de 1977, “O Jogo Final” (Editorial Presença, 2013) levou para casa alguns dos mais importantes prémios dedicados à ficção científica: o Le Grand Prix de L`Imaginaire (2000), o Nebula Award (1985) e o Hugo Award (1986).

O livro tem como protagonista Ender Wiggin, um rapaz de seis anos que vive uma guerra eterna com o irmão Peter, que tem o coração de um assassino. Ender é o terceiro filho de uma família, numa sociedade onde apenas é aceitável ter dois filhos. A partir do terceiro filho a educação deixa de ser gratuita e os impostos aumentam também consoante a chegada de cada novo rebento.

Quando Ender lhe vê ser retirado o monitor da cabeça, uma ferramenta do estado que visa controlar o crescimento para ver se a criança será apropriada para se juntar à Frota Internacional, a sua vida parece condenada a ser vivida no seio de uma família onde apenas a irmã Valentine lhe confere algum amor. Porém, quando os pais pensavam que a incerteza tinha terminado, Ender é convidado a frequentar a Escola de Guerra, para se tornar um futuro oficial, capitão de nave, comodoro de esquadrão ou almirante de frota.

Com apenas seis anos, Ender parece ser o rapaz em quem o governo da Terra deposita todas as suas esperanças numa guerra contra o exército extraterrestre de insectóides que, passados oito anos desde o grande conflito, parece estar de novo prestes a atacar. Porém, há quem defenda que a guerra se trata de uma fabricação governamental para manter um estado político e social assente no medo e na obediência. Ender é então sujeito a um programa de treinos intensivo, que o deixa a centímetros de um precipício onde, se cair, o aguarda uma imensa loucura.

Misturando diversas temáticas como o bullying, a exploração infantil, a competição precoce, a vida extraterrestre e a possibilidade ou impossibilidade de convivência com outras espécies, “O Jogo Final” é uma fantástica metáfora sobre a fragilidade e a superação humana, onde o fim pretendido justifica todos os meios para lá se chegar. Além de ter sido, muito provavelmente, uma inspiração para o Cronenberguiano eXistenZ. Sem dúvida um dos livros maiores do universo da ficção científica.



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