Bandex

A banda lisboeta em discurso directo aqui na Rua de Baixo.

 

Com o aparecimento de uma quantidade apreciável de projectos e artistas nas mais diversas áreas e géneros musicais já é quase senso comum dizer que a música portuguesa está em crescendo. O hip-hop está em notável evolução, o rock mais alternativo já conta com um número considerável de projectos que merecem uma aposta significativa por parte das editoras alternativas, a electrónica está a acompanhar (devagarinho) as tendências mundiais e o pop-rock tem-nos dado boas alegrias com a edição de alguns dos melhores álbuns dos últimos anos.

Agora faço uma pergunta: Conhecem alguma banda que misture os ritmos latinos e o funk com o jazz e electrónica, fazendo da música uma festa? Se conhecem, de certeza que os dedos de uma mão chegam para contá-las. Correcto? A Rua de Baixo apresenta-vos os Bandex, uma banda que tem como mote a criação por diversão, tendo disponibilizado na Internet e de uma forma gratuita o primeiro registo de originais, no qual encontramos “Nite Line”, possivelmente a melhor forma de ficar a conhecer a filosofia do quarteto lisboeta.

RDB: Quais foram as motivações para que em 2002 tenham decidido formar os Bandex? Podem-nos contar um bocadinho da curta história da banda?

BANDEX: A banda apareceu em 2002 com a vontade de tocar ao vivo um conjunto de músicas que haviam sido feitas pelos irmãos Nuno (sampler, guitarra) e Miguel Gelpi (contrabaixo). O Mário Moral (guitarra) e o Daniel Meliço (bateria) juntaram-se pouco depois e a coisa resultou nos Bandex. A ideia era combinar através do sampler os sons que haviam sido gravados (vozes, cordas, sopros, etc) com o dos instrumentistas ao vivo. O resto da história resume-se em bastantes concertos e, mais recentemente, com o nosso primeiro disco (Bandex), que foi lançado no início do mês de Outubro, e foi inteiramente composto/gravado/produzido por nós com ajuda de uma série de músicos e amigos convidados. Inicialmente não estava previsto, mas o disco acabou por ser editado pela editora que entretanto formámos, a Bandexmusic.

RDB: Dentro do vosso estilo, vocês são quase únicos em Portugal. Acham que isso pode ser interessante a nível comercial e de visibilidade?

BANDEX: Dentro do nosso estilo não somos muitos aqui em Portugal realmente, mas marcar uma diferença só pode ser bom. A surpresa é a melhor táctica.

RDB: Visto disponibilizarem o vosso primeiro álbum inteiramente na Internet, parece que não se preocupam muito com o lado comercial. Correcto?

BANDEX: Correcto. Felizmente não temos que nos vender com este projecto. O lado mau é que temos que nos vender com outros projectos, e alguns extra musicais, mas temos bom feitio. Para os Bandex, pareceu-nos ser mais importante pensar sobretudo na divulgação do disco, em chegar às pessoas em vez de ficar escondidos a tocar para os amigos. Com o site, torna-se mais fácil chegar a muito mais pessoas do que através dos meios tradicionais, que, diga-se de passagem, vivem dias difíceis.

RDB: Quais têm sido as reacções a este primeiro registo?

BANDEX: O pessoal que trabalha nos serviços de estatísticas da Bandexmusic diz-nos que o site tem tido uma excelente afluência e que temos recebido muitas encomendas de discos. Mas nós deixamos isso para eles, que são profissionais com créditos. Ao vivo corre sempre bem, acabamos com uns quilos a menos e isso só pode ser bom.

RDB: A comparação que alguns fazem com os Fun Lovin Criminals faz algum sentido?

BANDEX: Por acaso nenhum de nós tem um disco deles, mas percebemos a referência. Coincidência, quando estávamos a gravar as partes de bateria da música “Johnny 2 Dedos”, pensámos no groove do “Scooby Snacks”, que é excelente, mas é mesmo a única referência de que nos lembramos. São uma boa banda só que gostamos mais do Sandro G.

RDB: “Nite Line ” foi (e ainda é) um tema muito rodado em algumas rádios. De que maneira foi importante essa divulgação?

BANDEX: Temos mais é que agradecer o apoio que as rádios nos têm dado. Oxigénio, Radar, Antena 3, Marginal, RPL… têm sido umas excelentes pessoas, grandes profissionais e seres humanos em geral.

RDB: Com essa “exposição” não temem ficar demasiado colados a uma música apenas?

BANDEX: Não até porque, felizmente, já temos ouvido outras como “American Flag” e o primeiro single, “Johnny 2 Dedos”… mas é verdade que gostaram mais do “Nite Line” e parece-nos bem. Até temos duas remisturas desse tema no site.

RDB: O álbum não vai ser distribuido nas lojas?

BANDEX: Por enquanto não. Temos a nossa maneira de fazer as coisas e por enquanto o álbum só vai estar para venda no nosso site, e noutros sites “amigos”. Pelo menos até ao fim de 2004. Depois logo se vê.

RDB: Quais as vossas expectativas futuras no que diz respeito a concertos e novas gravações?

BANDEX: Temos tido muitos concertos, especialmente na zona de Lisboa. Agora queremos começar a tocar noutros locais um pouco por todo o país. Já tocámos em Faro, Caldas e Aveiro, entre outras incursões fora de Lisboa e foi sempre tudo muito positivo. Esperamos continuar a tocar tanto como temos vindo a tocar até agora.

Quanto a novas gravações, ainda é cedo mas inevitável. Por enquanto, ainda estamos concentrados na promoção deste disco, mas isso não quer dizer que não estejam a aparecer temas novos. Aproveitamos os concertos para experimentar as novidades. As reacções têm sido boas. Temos vindo a fazer umas incursões no Western Spaguetti. Mas gravação ainda não, ainda é cedo.



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