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Estranhos casos de amor

Musicbox, 23 de Maio.

Há pétalas de rosa no chão, nas escadas e no palco. As luzes, de tons avermelhados, apagam-se. É o início do concerto de apresentação do segundo single do primeiro álbum dos dr.estranhoamor. Para os mais desatentos, o álbum chama-se “Os Crimes do dR. estranhoamor e outras estórias”.

Cada um dos membros do sexteto ocupa o seu lugar. Abrem com o riff de «Os crimes do dR. Estranhoamor». Um início enérgico com megafone e guitarras à Blur. O espaço parece demasiado pequeno para a banda, mas, por outro lado, os seis elementos rapidamente enchem o palco e a temperatura sobe. «A Arte de Dar» é o tema que se segue. Há pandeireta e um riff de guitarra muito trauteável. Uma grande canção.

“Chegou a hora de mudar de visual” atira Zeal, o vocalista. «Ar de Amor» e o single «Mais do Mesmo» fazem a ponte para uma sequência de baladas que incluiu «O Bom, o Mau e o Pior» e «Fim de Hollywood». O amor é tema recorrente. O ambiente tem algo de romântico e sujo ao mesmo tempo.

Em «Teorema de Pitágoras» apetece citar Tom Morello, mas não há tempo. «Série Z» traz a faceta mais épica dos Ornatos Violeta ao de cima. Zeal interioriza um personagem, sente a música de olhos fechados, talvez por timidez, talvez por hábito. Madeira, um dos guitarristas, e Cebola, o baixista, divertem-se descaradamente. Hugo Santos, o outro guitarrista, Tutxi, o baterista, e Borges, o teclista, passam despercebidos.

«Já Bateu» tem uma entrada demolidora. É um tema descaradamente rock. Há diversão em palco e fora dele. O final é apoteótico, cheira a punk. A canção viria a ser inevitavelmente repetida em encore. Foi o momento da noite. Há nos dr.estranhoamor um pop/rock muito aprumado – por vezes algo experimental – que permite ao som da banda crescer bastante ao vivo.

«Whisky Mundo Novo», o segundo single, volta a trazer algum sentimento épico ao espectáculo e alguns problemas ao baixo de Cebola. Antes do encore, espaço ainda para «Presente», balada com um novo elemento instrumental, a guitarra acústica. O público – de todas as idades – não descansa. Nesta altura já se anunciava o fim do concerto e era altura de dedicar à banda uma merecida ovação.

No encore, como o próprio Zeal refere, há «Mais do Mesmo». O público, a certa altura, chega a cantar em uníssono. Para o final estava reservada «Whisky Mundo Novo» mas, a pedido da plateia, foi «Arte de dar» – um verdadeiro portento – que deu por concluído o espectáculo: “Só porque vocês pediram o final vai ser rock n’ roll!”, dispara o vocalista.

Esta última afirmação prova que este concerto serviu, acima de tudo, como teste. O próximo será certamente diferente.



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