Gil Vicente na Horta
A nova peça presente no Teatro Nacional Dona Maria II, a partir de "O Velho da Horta" e outros textos de Gil Vicente
“Amor não quer razão, nem contrato, nem cautela, nem preito, nem condição, mas penar de coração sem querela”. O velho, enamorado pela moça, dá o mote ao início da peça. Nesta farsa, onde se “exalta a vitória da juventude contra a velhice e a morte”, o enredo é marcado por um conjunto de personagens vicentinas que, por meio de alegorias, evocam a essência da humanidade.
João Mota escolheu “O velho da Horta” por em 2012 fazer 500 anos desde a sua estreia em palco. Mas mesmo cinco séculos depois demonstra um bom conhecimento da condição humana. O espectáculo, que junta este com outros textos de Gil Vicente, consegue propor uma perspectiva sobre temas como o amor, a religião, a corrupção ou o próprio envelhecimento humano que é tão actual hoje em dia como era em 1512.
Para o encenador, a obra de Gil Vicente ganha cor pelo facto do autor assistir à passagem da época medieval para a renascentista. Por um lado, as influências medievais são apresentadas nas caricaturas, mas o renascimento trouxe também um maior desenvolvimento psicológico das personagens. De forma a que este velho, esta moça, a feiticeira/ alcoviteira e todas as outras personagens que dão vida ao espectáculo criem um rico enredo emocional, permitindo no entanto uma crítica social acutilante.
“O espectáculo é para todos”, diz João Mota. Gil Vicente é um dos grandes nomes da história do teatro português, e demonstra uma tal compreensão da nossa sociedade que a sua obra ainda hoje nos é próxima. “A luta”, nas palavras do encenador, “foi não perder o poeta Gil Vicente e a sua musicalidade”. O que neste caso se deu em vitória.
Gil Vicente na Horta | TNDMII
20 de Outubro a 2 de Dezembro de 2012
Sala Estúdio
4ª a 6ª 11h | Sábado 21h15min | Domingo 16h15min
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