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Joana Serrat @ Museu do Oriente (27.11.2022)

Domingo é sempre um dia estranho para concertos. Se calhar ainda se torna mais estranho quando o concerto tem lugar num auditório localizado no quinto piso do Museu do Oriente, à noite, fora de horas para o normal funcionamento de um museu. Joana Serrat e o seu “Hardcore From the Hearth” são a motivação certa para este desvio na rotina de Domingo.

A sala está muito despida e no palco há um teclado com um portátil ao lado e uma guitarra acústica, com um microfone à sua frente e uma série de pedais no chão. Estamos na 13ª edição do Misty Fest, um festival muito peculiar, com uma forma de ser e de estar muito própria e que continua a acrescentar (e bem) à oferta que temos por cá.

Em palco, Joana Serrat, é acompanhada, pela primeira vez, como uma dupla, pela sua irmã Carla Serrat, que ao longo do concerto se revela uma peça fundamental, na forma como confere a muitas das canções toda uma neblina etérea. Tudo o resto em palco, das luzes à entrega são simples, eficazes e, acima de tudo, de uma honestidade completa.

«How to Make You Love Me» é americana numa versão simplificada, fruto das circunstâncias. «These Roads» fala-nos sobre a vontade de perseguir diferentes caminhos sem, no entanto, perder o rumo, aquele caminho que é realmente importante. «You’re With Me Everywhere I Go» deambula num equilíbrio periclitante entre realidade e fantasia, com o sempre apetecível desejo de nos deixarmos ficar pela fantasia. É uma canção magnífica.

Quando Joana ficou só em palco, a folk jorra de imediato da guitarra. «Summer Never Ends», evoca os verões que pareciam durar uma eternidade e em que corríamos riscos as aventuras era uma constante. Ali, junto de Joana Serrat, ao escutar as suas canções e as palavras que ela partilha connosco entre elas, com o cabelo a cobrir os olhos de tempos a tempos, percebemos que o “Hardcore From the Heart” é tudo menos um acaso. São canções verdadeiramente pessoais.

Escutamos também uma nova canção, cujo título escapou, mas que versa sobre amor possessivo e um cover de «I’m On Fire», de Bruce Springsteen, que abre a recta final do concerto, onde «Pictures» se apresenta intensa e com garra. “Always waiting for perfection / And perfection never comes / We hardly have a picture of the two of us”. A fechar surge «Take Me Back Where I Belong», com um apelo para apoiar os artistas. Indo a concertos, comprando a sua música, porque uma sociedade sem música, é uma sociedade doente. Tudo verdade. Foi óptimo e tinha merecido uma sala cheia.



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