NOS Primavera Sound 2014
A impaciência já se começa a fazer sentir...
Está a chegar aquela altura do ano em que o magnífico Parque da Cidade, no Porto, volta a servir de palco para o NOS Primavera Sound (NPS). Só de pensar nisso ficamos com um sorriso na cara. E porque não haveríamos de ficar? Uma bela cidade, num cenário perfeito, com uma boa cerveja (ou vinho se preferirem) na mão e a certeza de muitas horas de música. Que mais se pode desejar?
A fase de afirmação já lá vai. Neste momento o NPS é uma certeza. Conseguiu em tempo record desenvolver uma identidade própria, sem beliscar de forma alguma o seu irmão mais velho, em Barcelona e, ao mesmo tempo, demarcar-se de tudo o resto que se faz por cá no que a festivais diz respeito.
O cartaz deste ano é daqueles que nos deixa a salivar. Um misto de experiência, com irreverência. De regressos e novos valores; temos certezas e potenciais surpresas. Tudo isto distribuído por quatro palcos – NOS, Super Bock, ATP e Pitchfork.
Quinta-feira, dia 5 de Junho, é o dia mais calmo. Mas calmia não é sinónimo de menor qualidade. Assim, pelos palcos NOS e Super Bock vão passar nomes como Caetano Veloso (ah pois é!), Haim (as manas mais famosas do mundo indie), Kendrick Lamar (em representação do Hip-Hop da Costa Oeste), os sempre mui-recomendáveis Spoon ou o multi-facetado Rodrigo Amarante, membro dos Los Hermanos e dos Little Joy onde divide o protagonismo com Frabizzio Moretti, baterista dos The Strokes.
Sexta-feira, dia 6, vai marcar o início dos dilemas à séria com que nos deparamos todos os anos. Só de pensar na palavra quase que se sente um arrepio: “escolha”. Muita coisa se vai resumir a isso. É um dado adquirido a impossibilidade de ver tudo, e a verdade é que há muito para ver. Os Shellac, que são uns autênticos frequentadores habituais do tasco (quer no Porto quer em Barcelona). Os Pond, praticantes de um psicadelismo made in Australia e que partilham três elementos com os Tame Impala. As Warpaint, porque poder escutar «Elephants» ou «Billie Holliday» é sempre magnífico. Os Mogwai, que trazem “Rave Tapes” para mostrar e são uma instituição do post-rock. Os Godspeed You! Black Emperor, que merecem a nova reverência. Os Pixies, porque mesmo sem a Kim Gordon continuam a ser os Pixies. Os Television, que foram a primeira banda punk a tocar no lendário CBGB de Nova Iorque, a interpretar o “Marquee Moon” na íntegra ou os Slowdive de Neil Halstead e Rached Goswell com o seu dream pop versão nineties. Sexta é, sem sombra de dúvidas, um dia em que passado, presente e futuro vão coexistir nos palcos do NPS. E se o objectivo for dançar ou abanar o corpo também há muito por onde escolher: Darkside, John Wizards (que vão trazer um pouco de África ao Parque da Cidade) ou Todd Terje e a sua mescla de house, techno, dub, pop e mais qualquer coisinha.
Sábado, dia 7. É sempre discutível mas quando se olha para os nomes do último dia, apetece dizer que o melhor ficou guardado para o fim. Atentem. os Neutral Milk Hotel, que quase sem aviso decidiram reunir-se para “meia-dúzia” de concertos (mesmo assim não há como conseguir esconder um nervoso miudinho: será que ainda resulta? – lá estaremos para descobrir!). Os The National, que são a melhor banda do mundo (haverá com toda a certeza quem discorde!). St. Vincent, ou Annie Clark, esse animal de palco e ainda por cima com álbum novo na bagagem. Os Cloud Nothings, de Dylan Baldi para partir a loiça toda (com canções como «No Future/No Past», «Stay Useless» ou a mais recente «I’m Not Part of Me» isso é uma certeza). John Grant, ex-Czars e artista inspirado responsável pela criação de duas obras-primas que dão pelo nome de “Queen of Denmark” e “Pale Green Ghosts”. O Sonic Youth, Lee Ranaldo (vénia!). O prolífero e multi-instrumentista Ty Segall (são já oito os álbuns editados com apenas 26 anos). Os nacionais You Can’t Win, Charlie Brown que trazem “Diffraction/Refraction”, editado em Janeiro deste ano e onde a folk anda de mãos dadas com a electrónica.
Mas um festival não se faz apenas de certezas. Também tem de dar a descobrir e o NPS, também aí, não desilude. Conhecidos de alguns e desconhecidos de muitos são os australianos (estão em grande os nativos deste país) Jagwar Ma – para ver logo no dia 5. Dia 6, Joana Serrat, catalã de nascimento e com a folk e a pop no coração. Dia 7, Hebronix, uma outra faceta de Daniel Blumberg, frontman dos Yuck num registo mais reservado e intimista. Mas há mais, muito mais que podem descobrir no site do festival.
Estou a começar a escrever esta última frase e apercebo-me que estou a bater com o pé no chão repetidamente e a um ritmo acelerado… é a impaciência que se começa a fazer sentir!
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