Minta & The Brook Trout @ Maxime
Discreto Aconchego. 14 de Janeiro de 2010.
A subida dos Minta & The Brook Trout ao palco do Maxime foi discreta. Quase só damos por ela quando Francisca Cortesão – voz e cérebro do projecto – diz que falta um guitarrista para dar início ao espectáculo. Uma vez em palco, todos os quatro elementos estão sentados – baixo, bateria, guitarra, voz e, mais à frente, saxofone.
A voz, pois bem. Comecemos justamente por aí. Talvez seja demasiado arrojado referi-lo, mas a prestação vocal de Francisca Cortesão estará entre uma Beth Gibbons (Portishead) e Rita Pereira (ou Rita Red Shoes), que substituiu de forma compreensível na banda de apoio a David Fonseca na estrada. É uma voz madura e confiante, tal como ela, a própria vocalista, aparenta ser.
A toada do concerto é ditada pelas canções, canções melancólicas, canções bonitas. Canções para serem ouvidas quando refastelados numa cama, no final de um exaustivo dia de trabalho, tendo como objectivo primordial adormecer. Não, Minta & The Brook Trout não fazem música que provoque bocejo fácil, fazem música para adormecermos, adormecermos felizes e contentes por encontrarmos a paz nestas canções. Quando encontramos a paz, já num sono profundo, esta torna-se num sonho bom. É um ambiente relaxante. Chegamos mesmo a vislumbrar algumas cabeças encostadas a ombro alheio.
A meio do concerto, João Cabrita, o reputado saxofonista português que já trabalhou, entre outros, com Caetano Veloso, Sérgio Godinho, Paulo de Carvalho e Camané, junta-se à banda. Acabaria por voltar na segunda parte do espectáculo – à imagem do concerto dos Pontos Negros nesta mesma sala, os Minta fizeram uma pausa de 15 minutos. Incompreensível. Estes intervalos cortam o ritmo do espectáculo, da banda e do próprio público. Seria bom alguém rever esta ideia. Ainda para mais num concerto curto como o dos Minta. É legítimo querer esticar um pouco a noite, mas esta não é a melhor solução.
Num concerto linear, destaque para o episódio em que Francisca pára uma canção a meio por ter a guitarra mal afinada. Volta ao início moderadamente aborrecida, mas recolhe aplausos.
No final diria que faz toda a diferença tocar com a sua banda, os The Brook Trout – cuja baixista e guitarrista são também os Domingo no Quarto, que ainda recentemente deram o seu primeiro concerto na sempre atenta Zé dos Bois. Francisca tem toda a razão, a banda é um excelente pêndulo e se referimos que o concerto foi todo ele linear, não quer dizer que tenha chegado a ser chato. As canções valem por si e mesmo que não tenho havido azo a grandes surpresas foi um bom concerto.
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