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O sonho da razão

da vontade de mudar o mundo inteiro

“Quando o século XVIII quer designar essa força, exprimir com uma palavra a sua natureza, recorre à palavra “razão”. A “razão” é o ponto de encontro e o centro de expansão do século, a expressão de todos os seus desejos, de todos os seus esforços, do seu querer e das suas realizações”

(Ernst Cassirer, La Philosophie des Lumières)

 

O sonho da razão compara o século das luzes com o presente; em comum: a crise de valores. E se os filósofos de outrora apresentavam respostas e ideias novas sobre a crise que se vivia, hoje em dia as respostas são mais superficiais. Porque também se vive muito à flor da pele, ao sabor da onda do like, sem saber porquê. “Não se pode querer sem ter uma razão” – diz uma das personagens. E pode gostar-se sem uma razão? – perguntamos nós.

A mais recente peça da Cornucópia traduz aquilo que são os pensamentos da própria companhia: “Há uma vontade minha em prolongar espectáculos que são a mise en scene daquilo que a Cornucópia pretende transmitir.”, diz-nos Luís Miguel Cintra numa conversa em que nos confessou algumas das dificuldades que tem vindo a sentir para colocar os espectáculos de pé.

Que sentido faz isto? Isto do viver? É possível viver sem esta interrogação? – a resposta de Luís Miguel Cintra é clara: não. Numa época em que “faltam militantes da mudança”. O actor inspira-se nos textos de quem, outrora, tinha e personificava a vontade de mudar o mundo inteiro.

Luís Miguel Cintra resgatou pedaços dos pensamentos de Diderot, Voltaire e Marquês de Sade e, em conjunto com Dinarte Ribeiro e Leonor Salgueiro, coloca em cena uma peça que nos convoca para pensar no século das luzes e nas luzes que nos guiam hoje em dia. “Estes filósofos foram de uma grande generosidade, por partilharem connosco o seu pensar, o seu sonho de uma sociedade justa.” – diz-nos o actor.

Um Moribundo, uma criada, um padre. Depois o mesmo Moribundo, a mesma criada e o médico. Um galo capão e uma galinha. O Moribundo, ainda o Moribundo. Ainda sonha? Já morreu? Porque nos inquieta tanto aquela figura incompreendida pelas teorias que defende?

O sonho da razão está em cena de 28 de Junho a 8 de Julho e de 17 a 29 de Julho, no Teatro do Bairro Alto, de 3ª a Sábado às 21.00h e Domingo às 16.00h.

A peça será interrompida nos dias 13 e 14 de Julho, para que a Companhia apresente, no Festival de Teatro Clássico de Almagro (Espanha), o espectáculo FINGIDO E VERDADEIRO ou o martírio de S. Gens, actor.



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