Reverence Festival Valada 2014
Nos dias 12 a 13 de Setembro, no Parque das Merendas em Valada no Ribatejo, o rock psicadélico é rei!
Ainda que a maioria deles neglicencie o cartaz, Portugal tem cada vez mais festivais. Na verdade, “festival” é um termo demasiado liberal para as feiras populares apresentadas como concertos quando isso é, cada vez mais, o assunto que menos interessa ao público.
A qualidade das bandas, na maioria dos casos, limita-se também a reflectir a tendência do momento, e não necessariamente as apostas mais interessantes.
No entanto, nem todos os festivais jogam pelo seguro, ou são um mero veículo para obter dinheiro de patrocínios ou dos participantes comerciais. O que o festival Boom é para a música electrónica ou o Barroselas Metal Fest é para o metal, é precisamente o que o Reverence Valada é para o rock psicadélico, sendo que este género é tudo menos estanque, podendo englobar várias derivações chegando ao ponto de ser altamente discutível, o que é ou não é psicadelismo. Mas discussão é uma coisa boa, já que é o atrito entre os opostos que impele o mundo para a frente e duelos entre bandas tão díspares como os dois cabeças de cartaz, Hawkwind e Electric Wizard serão certamente uma aceleração vertiginosa.
Se os primeiros, frequentemente enquadrados no género Space Rock, contam com quase 50 anos de carreira, alguns dos quais com a presença de Lemmy Kilmister dos Motorhead nas suas fileiras, mais tarde expulso por questões relacionadas com estupefacientes, já os Electric Wizard, praticantes de um doom metal bem pesado, existem “apenas” desde 1993, o que em anos de doom é uma idade relativamente avançada.
No mesmo dia de Electric Wizard, podemos encontrar bandas tão diversas como as Putas Bêbedas, devotos dum indie rock avacalhado com alguma inspiração punk rock circa 1990, que apesar de normalmente ser descrito como folk em ácidos, navega por géneros tão diferentes como o free jazz ou o country. Ainda durante a tarde do primeiro dia, estão presentes os Sunflare, devotos portugueses do fuzz como o nosso País nunca viu, praticamente ao mesmo tempo que os Sleepy Sun, que embarcam num género de psicadelismo revisitado à luz da história das últimas duas décadas do rock. Já à noite, entram em palco os recentemente ressuscitados Swervedriver, com o seu rock-de-fitar-a-biqueira-dos-sapatos mesclado com a inocência do brit-pop antes deste ganhar consciência de si mesmo, assim como o lânguido rock tingido de psicadelismo dos escandinavos Graveyard. E como nessa altura a noite ainda será uma criança, de madrugada surgem os The Rising Sun Experience com o seu rock que nos oferece um vislumbre do que seria um filho bastardo do rock da década de 60 com a década de 90, e mais tarde ainda chega o stoner rock tão espacial como demolidor dos Black Bombaim.
No segundo dia, o de Hawkwind, a meio da tarde há a prestação dos Quartet Of Whoa com uma espécie de sequela ecléctica dum género ainda por nomear a que os Queens Of The Stone Age deram o mote, assim com o rock’n’roll dos portugueses Murdering Tripping Blues e o psychobilly de Bruto & The Cannibals. Ao anoitecer chega a parede de som à là shoegaze dos A Place To Bury Strangers, quase simultaneamente com o experimentalismo sem fronteiras dos Psychic TV, que já colaboraram com quase toda a gente que é gente no mundo a música.
Depois dos britânicos Hawkwind, sobem ao palco os bracarenses Mão Morta, e imediatamente depois é a vez dos Black Angels, uma herdeiros em versão bélica em crystal meth do legado dos Jesus & Mary Chain. Pela noite dentro a banda gémea dos Wooden Shjips, os Moon Duo.
As bandas vão dividir-se por dois palcos, o palco Sabotage e o palco Rio, havendo ainda tempo para actuações de vários DJs nas primeiras e nas últimas horas do festival.
Realizado nos dias 12 a 13 de Setembro, no Parque das Merendas em Valada no Ribatejo, os bilhetes para o Reverence custam 38€ para cada um dos dias, ou 70€, com campismo incluído para ambos.
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