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SAL | Surf At Lisbon Film Fest

Uma onda que fazia falta a Lisboa.

Lembro-me em miúdo delirar quando no ecrã da televisão passavam imagens de surfistas em ondas gigantes e águas tropicais de cor turquesa. Essas imagens altamente provocadoras foram sem dúvida um dos factores principais que levaram àquilo que é hoje um vício para mim, o Surf.

Tive o privilégio de crescer perto da praia. Em criança, a “tentação” ia aumentando através das imagens de Surf que consumia, da inspiração vinda dos surfistas (que na altura ainda eram poucos e povoavam a única praia onde se podia fazer Surf na Caparica, a praia do “CDS”), e do admirável e desconhecido universo das ondas… de facto, o Surf é tentador e deslumbrante. Como diz o velho ditado, “apenas o surfista conhece o sentimento”. Esta frase não podia ser mais verdadeira.

A profissão de Arquitecto retirou-me muito do tempo que antes era ocupado pelo Surf, e a gestão dos dois universos nem sempre se fazia de forma pacífica. Apesar de se tratarem de duas paixões, o Surf está presente na minha vida há mais do dobro do tempo que está a Arquitectura.

A ideia de propor o festival de cinema de Surf em Lisboa surge devido à carência que existia no nosso panorama a nível de oferta. Lisboa é uma cidade à beira-mar, com praias a pouco mais de 10 minutos de viagem de automóvel; algumas das melhores ondas do planeta estão a pouco mais de meia hora de distância. Temos uma comunidade de surfistas que atinge os milhares e é fácil vermos pranchas de Surf à boleia para a praia ou a vir dela e fatos de pendurados nas varandas… o Surf é hoje transversal. Está por todo o lado e em todas as idades e extractos sociais.

A ideia de criar o SAL não é nova. Tenho seguido outros festivais pela internet e sei que são sempre muito bem recebidos pelo público e um sucesso mediático. Porque não ter um em Lisboa? Porque razão não deveríamos nós Lisboetas ter a hipótese de ver no grande ecrã filmes de Surf à semelhança do que acontece noutras cidades, nomeadamente Nova Iorque e Londres, que nem sequer tem ondas?

Na verdade, creio que o desejo que vinha crescendo em mim de criar o SAL materializou-se em parte porque a crise que afecta o País consequentemente chegou à Arquitectura, diminuiu o volume de trabalho no Atelier e libertou algum tempo para pensar mais nessa realidade.

O Cinema São Jorge veio obviamente à cabeça, e não faria sentido de outra forma, pois sou um fiel “consumidor” de vários dos festivais de cinema que ali acontecem durante todo o ano. Um lugar central, estrategicamente colocado num dos eixos mais importantes da cidade, próximo dos “laboratórios” culturais mais dignos de Lisboa, que se espalham em ambas as colinas que a Avenida da Liberdade rasga. Bairro Alto, Baixa, Graça…

Assim sendo, contactei o EGEAC. A ideia foi apresentada a Francisco Barbosa e foi recebida com entusiasmo por parte da da equipa que gere o equipamento. De seguida foi pedido um projecto estruturado como proposta para apresentar o SAL. Contei com a ajuda um amigo de longa data, Luís Nascimento, também Arquitecto e surfista desde muito novo. Além de amigos e colegas de profissão, partilhamos o mesmo sentimento pelo Surf, damos valor ao lado mais “soul” e puro e acreditamos que o Surf é uma forma de estar na vida, que potencia a criatividade e o bem-estar e equilíbrio emocional.

O lado “espiritual” e “artístico” do Surf é o que temos como premissa na nossa vida e que gostaríamos de ver espelhado no SAL.

À dupla juntou-se um outro amigo, Augusto Baião, cuja experiência adquirida em outros festivais de cinema e o Mestrado em Gestão Cultural que frequenta se tornaram essenciais para levarmos a bom porto este projecto que foi bem estruturado também devido à sua experiência e know-how.

O SAL foi assim aceite como uma aposta inovadora e inédita e veio preencher uma lacuna existente no panorama cultural de Lisboa…. porque o Surf também é cultura.

Lisboa vai poder contar nos dias 14, 15, 16 de Junho de 2012 com o primeiro Festival Internacional de Cinema de Surf, o Surf At Lisbon Film Fest.

As inscrições para longas e curtas-metragens estão abertas a todos interessados e vão haver prémios para as várias categorias. O desafio está lançado e vai ser dada a hipótese aos realizadores de poderem mostrar os seus trabalhos dentro da temática do Surf nas telas gigantes do Cinema São Jorge para serem vistos por alguns milhares de apaixonados e curiosos.

Vai ser uma semana fantástica nas Festas de Lisboa com aroma a Manjericos, Sardinha e, claro está, a maresia.

Neste momento estamos a procurar e garantir apoios que possam tornar o SAL o mais especial possível, de forma a garantir que tudo o que temos em mente e que ainda está em segredo possa ser uma realidade. Muito há para mostrar além do Surf no seu mais alto nível. Sendo o nosso mundo o das artes, faz todo o sentido que as mesmas estejam presentes em força no São Jorge nas mais variadas formas.

Aos que se quiserem juntar a esta onda, o SAL agradece e Lisboa também. São todos bem-vindos.

Ricardo Gonçalves é o Director e Fundador do SAL | SURF At Lisbon Film Fest, que conta com o total apoio da RDB.



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