Sufjan Stevens

Illinois.

Depois de “Greetings From Michigan: The Great Lakes State”, com “Seven Swans” pelo meio, Sufjan Stevens regressa em “Illinois” à megalómana ideia de escrever um álbum por cada estado norte-americano. Ideia arriscada, ambiciosa, quase utópica. Será?

Chegados à recta final do ano, começam as habituais listas e reflexões sobre o que de melhor viram os transactos meses nascer em termos musicais. E dá para ter já uma ideia do que se ouviu este ano. Ano marcado, definitivamente, pelos Arcade Fire. Por Antony, que com os seus Johnsons brilhou a alto nível. Por “Feels”, dos Animal Collective, pela total confirmação de Kanye West. Mas é, provavelmente acima de todos, o ano de Sufjan Stevens, compositor que abandonou os desconhecidos Marzuki, em 1999, para abraçar uma carreira a solo que conhece aqui o seu momento mais alto. Até ver.

“Illinois” é, à imagem do seu autor, ambicioso. É um disco longo, recheado de títulos confusos e de dimensão quase inalcançável, de especificidades não fáceis de digerir. Mas recompensa aquelas horas em que deixámos de estudar para ouvir este disco, aquele programa de televisão que até queríamos ver mas optámos por tirar o som, aquela saída com os amigos em que nos cortámos à última para ficar em casa a comer bolachas e a ouvir música.  

«Chicago», o single, já anunciara coisa boa. Mas a verdade é que não nos preparou devidamente para tão conseguido cruzamento entre folk, rock, algum indie pop, enfim, uma amálgama diversa de influências que resulta num dos mais inspirados discos de canções dos últimos tempos. Fala-se aqui de John Wayne Gacy, de Lincoln, de figuras míticas do estado. Canta-se, e bem, os traços gerais e as especificidades desta região, situada no interior norte-americano.

Apetece viajar por Illinois ao som deste disco. Apetece pegar no carro, comprar um pack de 6 cervejas na estação de serviço mais próxima e pormo-nos a caminho. De onde? Destino incerto. Mas numa viagem regada com muita e óptima música, tão delicada quanto intimista, bela demais para tentar a sua descrição por palavras. 

A ambição desmesurada como virtude ou defeito? Sufjan Stevens, já se disse, planeia editar um disco para cada estado norte-americano. É preciso ter tomates. Mas se forem todos tão bons como este (os discos, bem entendido), cá estaremos para os aclamar.



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