Cats On Fire @ Maxime

10 de Setembro.

Para quem não havia tido a oportunidade de os ver ao vivo até à data, a presença dos jovens finlandeses Cats On Fire no palco do Maxime suscitaria alguns paralelismos, naturalmente preconcebidos, entre a natureza profunda da sua origem e o ambiente sonoro produzido. Contudo, se o país de que são oriundos frutifica nas nossas mentes ideais de avançada tecnologia e dianteira nos modelos vigentes, desde a educação à saúde, os Cats On Fire demarcam-se dessa ligação e reflectem em melódica pop as trivialidades dos dias de hoje. À melancolia vocal de Mattias Bjorkas, que se vai assemelhando a Morrissey em diversos momentos ao longo do espectáculo (repare-se, especialmente, em «Lay Down Your Arms» do recente disco “Our Temperance Movement”) juntam-se o sentimentalismo pop assente em guitarras e a esperança contida dos teclados.

Em Cats On Fire há como que um conjunto de nuances que vão da energia reflexiva de uns Belle and Sebastian ao vanguardismo pop de The Smiths (que os próprios assumem como influência) a que se associam e elevam a introspecção ritmada, sem grande devaneio ou assanho, das guitarras, que nos avivam uma boa dose dos Wedding Present.

«The Province Complains» é de excelência nas guitarras, «Never Sell The House» deixa passar em flash a mística Belle and Sebastian e as fantásticas «Horoscope» e «Tears In Cup» lá está… The Smiths.

Mas Mathias esteve muitíssimo bem acompanhado pela guitarra de Ville Hopponen (também coros) e a bateria de Henry Ojala. Menos participativo/notório esteve o baixo de Kenneth Hoglund.

Quem acedeu à apresentação do novo trabalho pareceu satisfeito, acompanhou e aplaudiu. Mathias agradeceu e voltou para mais duas músicas após a despedida donde se ressalva uma versão de «Your Woman» (tema original de White Town) sob a articulação da sua expressão corporal a fazer lembrar o ex-Pulp Jarvis Cocker.

Das próximas datas da tour contam-se os concertos em Espanha, no South Pop Festival e Club New a onze e doze de Setembro respectivamente.