Esclarecimento
Entrevista a Raze e A.s, responsáveis pela compilação.
As atitudes nobres merecem o nosso louvor. Quando duas pessoas se juntam para dar espaço ao talento de amigos, é sinal que, afinal, não somos assim tão egoístas.
Foi isso que fizeram Raze e A.s.: fundaram uma editora e lançaram uma compilação para dar a conhecer novos valores da cidade de Tomar. A compilação tem um nome sugestivo: “Esclarecimento”.
Aqui está a conversa que a Rua de Baixo teve com os dois responsáveis por essa iniciativa.
RDB: Antes de mais, quem é Raze e quem é A.s?
A.s.: A.s é um mc de Tomar que já rima há uns cinco anos. Escreve sobre aquilo que sente e, juntamente com o Raze, formou uma editora independente de nome “Cockpit Records”.
Raze: Raze é um Mc/Produtor de Tomar que começou a rimar e a produzir a sério algures em 2002/2003.
Expliquem-nos em que consiste a Cockpit Records e quais os seus “planos”.
A.s.: A “Cockpit Records” é uma editora independente, que foi formada com o objectivo de dar alguma visibilidade a trabalhos que achamos que tenham valor e sobretudo projectos que tenham a ver connosco.
Raze: Os “planos” por agora são a continuação da divulgação da compilação “Esclarecimento” e para breve novos trabalhos.
A.s.: Pois… De momento a nossa maior preocupação é a divulgação da compilação “Esclarecimento”…
Vamos a ela… Falem-nos da compilação “Esclarecimento”, quais são os objectivos a que se propôs?
Raze: A Compilação “Esclarecimento” teve, como objectivo principal, divulgar o que se passa em Tomar, neste caso na vertente musical do Hip-Hop, juntando mc’s da cidade. Por outro lado, dá a conhecer uma evolução deste 2004 a 2006…
A.s.: …Com o objectivo de dar mais visibilidade a estes mc’s…
A produção ficou a cargo do Raze. Queria que me falasses um pouco mais sobre essa mesma produção. Quais foram os cuidados que tiveste e como descreverias a sonoridade rítmica?
Raze: Esta compilação apanhou-me mesmo no início da produção e deu-me, ao mesmo tempo, uma grande responsabilidade. A sonoridade penso que é muito variada. Como produtor não consigo definir uma sonoridade própria, são feelings, momentos…
O facto de seres o produtor teve a ver com alguma imposição vossa ou foi pura e simplesmente por falta de alternativas?
Raze: Talvez a última. Mas o Kosta (mc/produtor) co-produziu uma faixa e ajudou-me muito, assim como o A.s. dando opiniões e muito knowledge…
A.s.: Por um lado, foi também a falta de alternativa. Por outro, também queríamos alguém de Tomar.
Qual foi o critério de selecção dos mc’s convidados?
A.s.: Nós já conhecemos o valor dos mc’s convidados, há bastante tempo. Logo, não foi preciso ter nenhum critério de avaliação. São pessoas que, de alguma forma, também contribuíram para o projecto ir para a frente
Raze: Claro que teríamos de nos identificar com aquilo que representam…
Não foi nada assim muito planeado? As coisas foram acontecendo….
A.s.: Sim, pode-se dizer que foram acontecendo. Até porque demorou algum tempo para o trabalho final ver a luz do dia. Houve alteração de beats, de rimas, vários contratempos. Nunca tivemos pressa. Os mc’s iam gravando, cada um com o seu ritmo.
Eu sou a favor do adágio: “pressa é inimiga da perfeição”, por isso não quisemos pressionar ninguém. Acho que o produto final saiu do nosso agrado…
Raze: Foi tudo feito ao ritmo de cada um…
A.s.: Falamos de descontracção, mas no fundo estivemos todos bastante empenhados nisto… Mas é claro que tudo leva o seu tempo. Nunca foi o nosso objectivo fazer uma compilação em 3 dias.
Como tem sido o feedback das pessoas?
Raze: Tem sido muito positivo, o que é bom, visto ser um trabalho com alguns sons já antigos. Penso que está uma compilação muito variada, mas mantendo sempre aquela “essência”.
A.s.: Pois… Está versátil, em termos de beats e rimas, o que leva a que todos tenham sempre aquela faixa preferida.
De fora, sei que as pessoas que já adquiriram a compilação, têm dado um feedback bastante positivo…
Raze: Mais que na própria cidade, que é levada um pouco pela moda passageira…
Quais os vossos planos a solo?
A.s.: Eu tenho algumas coisas pensadas, mas nada ainda de muito concreto. Tenho algumas letras para gravar, uma faixa que está pronta. Quem sabe pode ser que surja aí algum dia um Ep do A.s.
Raze: Eu estou a terminar o próximo volume da “Beatology”, desta vez um pouco diferente do habitual. Tenho estado a dar beats para álbuns, compilações, etc… Estou também a trabalhar num projecto completamente diferente, que ainda está em “testes”.
Agora é para o Raze: As “Beatologys” (n.d.r. pequenos álbuns de música instrumental que Raze tem lançado, gratuitamente em www.raze.pt.vu ) têm tido algum impacto no cenário Hip-Hopiano. Que consequências achas que pode ter isso na tua “carreira”?
Raze: As “Beatology’s” têm tido um bom feedback. Têm-me aberto portas para novos mcs e, o mais importante, têm-me ajudado a evoluir. Mas faço isto mesmo pelo gozo que me dá e não para seguir uma carreira.
A compilação “Esclarecimento” é uma edição “Cockpit Records” e pode ser adquirida na loja on-line daklubestore.com , o single de apresentação pode ser descarregado em raze.pt.vu
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