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God Help The Girl

Vamos ouvir o nosso disco preferido?

God Help The Girl é o filme que marca a estreia de Stuart Murdoch enquanto realizador, cujo nome habitualmente associamos à banda escocesa Belle and Sebastian.

Emily Browning é a atriz principal neste que é um filme claramente marcado pela sensibilidade artística à qual estamos tão (e tão bem!) acostumados das cantigas da banda e é também o trabalho onde Murdoch consegue evocar um casamento em perfeita harmonia entre a música e o cinema, num tom e numa escala que tudo humaniza, desmistifica e torna palpável para nós, meros ouvintes e espetadores.

É a Eve que a bonita atriz dá corpo, alma e voz, uma menina sensível e estranha quanto-baste, recém saída de uma clínica de reabilitação de anorexia. A paixão pela música que palpita nas veias desta personagem chega-nos imediatamente nos primeiros minutos, quando a vemos esgueirar-se sorrateiramente da clínica para assistir a concertos underground por entres os clubes noturnos de Glasglow. É por entre estas muralhas sonoras que se cruza com Anton (Pierre Boulanger), o típico vocalista sexy com que todas sonham. Porém, é com James – o também típico amigo tímido que-não-quer-ser-só-amigo e cujo aspeto físico em nada se assemelha ao primeiro – que as aventuras, os diálogos afiados e as sequências de iniciação à sexualidade se irão começar a desenhar, embalados pela poética banda-sonora deste filme. Espaço ainda para falarmos de Cassie (Hannah Murray), a amiga rica e algo excêntrica que completa o trio e que virá contribuir para a intensidade de um verão que apenas pode ser vivido através da curiosidade latente no olhar desta típica (e algo romântica) adolescência que, volta e meia, regressa ao grande ecrã.

De facto, esta pode até não parecer uma história muito incomum esta captura do espírito, da rebeldia e da ansiedade de uma adolescência que cresceu ao ritmo do pop e do rock da década de 60 e que desperta em nós um certo saudosismo de quem gostaria de ter nascido há cerca de quatro décadas atrás. Mas este é um filme tão bem trabalhado, musical e narrativamente, que nos inebria e nos leva a esquecer a doença latente de Eve, as problemáticas da adolescência e até mesmo os perigos de uma vida que dança ao som das guitarras que teimam (quase) sempre em tocar rápido demais.

A Murdoch atribuímos a excelente composição das melodias deste disco que, uma vez colocado em play, não nos deixa outra opção. É como ouvirmos aquele nosso disco preferido. Sem darmos conta, chegou ao fim.



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