Primavera Sound 2013 – Barcelona | Antevisão
O regresso da Primavera ao Parc del Fòrum, Barcelona
A perfazer a sua 13ª edição, o festival Primavera Sound Barcelona evoluiu na última década para o maior evento de música contemporânea da Península Ibérica. Albergando um público de quase 150 mil espectadores no passado ano (sensivelmente mais 142 mil do que na primeira edição, em 2001) e despertando o interesse da imprensa um pouco por todo o mundo (cerca de um terço da imprensa presente em 2012 foi estrangeira), poucos terão sido os grandes nomes da música dos últimos quinze anos que não passaram pelo Parc del Fòrum; e também os nomes não tão grandes e os êxitos do momento, demonstrando a diversidade de um cartaz que prima pela plenitude e diversidade a cada edição.
O Parc del Fòrum existe desde 2004 e o nome deriva da sua concepção enquanto espaço que recebe o Fórum Universal das Culturas, evento trienal de celebração de união cultural e reflexão acerca do respectivo desenvolvimento sustentável. Desde 2009, este tem sido o cenário do Primavera Sound: um andro de urbanismo e arquitectura contemporânea à beira-mar que se estabelece enquanto localização perfeita para um festival de cidade, quer em condições, quer em escala.
Também a nível social o festival mostra atenção: o primeiro dia é de entrada livre e, durante os dias de festival, os espaços verdes pela cidade servem de palco a actuações espontâneas, paralelas ao programa principal. Para se ter uma ideia, na última edição foram oito os palcos destinados a este efeito, número igual à quantidade de palcos dentro do recinto.
Actualmente com filial no Porto, é possível ter uma amostra de Primavera por terras lusas – sem número equiparável de bandas, nem tão pouco de espectadores. Ainda assim, é sinal da devida expansão de uma marca de grande influência na indústria actual.
Mas, claro, o que importa é a música. E este ano o cartaz revela-se particularmente profícuo: a começar pelas duas reuniões mais antecipadas da próxima estação, Blur e The Postal Service, a compor uma retrospectiva musical pelas duas últimas décadas de música – complementada pelos restantes cabeças-de-cartaz Nick Cave and The Bad Seeds e, qual livro de história sobre o shoegaze, My Bloody Valentine e The Jesus and Mary Chain.
O primeiro dia de festival (23 de Maio) oferece uma programação com especial ênfase sobre o psicadelismo mais contemporâneo, com a junção de Animal Collective, Grizzly Bear e Deerhunter – de resto, nomes incontornáveis desta chancela – ou ainda Tame Impala e Fuck Buttons. Mas também há espaço para os veteranos Dinosaur Jr, o minimalismo electrónico de Four Tet ou o post-grunge dos Metz (que nos visitaram na semana passada).
O segundo dia congrega alguns dos maiores songwriters desta e da anterior geração: à cabeça Fiona Apple e Daniel Johnston. Intercalados por nomes promissores como James Blake ou Kurt Vile e a sua banda, num dia onde ainda se materializa a reunião dos The Breeders e a visita dos The Knife. Também a perspectiva cinematográfica de Jim Jarmusch (a apresentar o disco conjunto com Jozef van Wissem) e o shoegaze mutante dos DIIV a compôr o arranjo – num dia em que os portugueses Paus fazem também parte do cartaz.
O terceiro dia apresenta-se enquanto o dia das consagrações: se não bastasse a prestação dos My Bloody Valentine, será dia menos de promessas e mais de certezas. A voz de Lisa Gerrard prepara-se para tomar Barcelona de assalto com os Dead Can Dance, enquanto a electrónica apocalíptica dos Crystal Castles deixa antever mais uma onda de destruição massiva. O norte-americano Mount Eerie volta ao festival e não é por acaso – Phil Elvrum é somente um dos cantautores mais timidamente geniais da sua geração. Confirma-se ainda a vertente de consagração, apontando numa direcção mais nacional: os Guadalupe Plata são estrelas a ascender das guitarras poeirentas e esperam-se deles grandes feitos no Primavera.
O cartaz completo pode ser consultado aqui. Fotografia de Eric Pamies.
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