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SUPER BOCK SUPER ROCK 2017 | Dia 2 (14-07-2017)

Aposta forte no hip-hop

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Depois de ter dado o mote durante o último dia da sua edição de 2017, e de ter obtido um sucesso esmagador, o Super Bock Super Rock voltou a apostar forte no hip-hop e dedicou-lhe quase por inteiro o segundo dia da 23ª edição.

Jessie Reyez abriu os portões do palco secundário nesta nossa segunda jornada, numa prestação que redundou numa agradável surpresa. Dona de uma voz extremamente maleável, a compositora canadiana intercala temas onde reinam as batidas emitidas pelo seu DJ com outros interpretados apenas à guitarra, num vaivém que alimenta a frescura da sua performance. Apesar de ter apenas um EP registado, “Kiddo”, os temas cheios de atitude de Jessie Reyez fazem antever uma carreira que irá ascender bastantes degraus nos próximos tempos.

Seguia-se no mesmo palco o português Slow J, que tinha actuado na pretérita edição do SBSR no terceiro palco, garantindo assim uma subida de divisão, fruto duma popularidade sempre em crescendo, cimentada este ano com o lançamento em Março do novo trabalho “The Art of Slowing Down”. E foi um concerto intenso e carismático, um hip-hop com alma rock, correntes que o próprio Slow J fez questão de não querer destrinçar, para que o público menos conhecedor do seu trabalho não perdesse tempo a fazer equações sem nexo, que contou com alguns fugazes convidados, como Nerve, por exemplo. Foi tão intenso que nem se descortinou a lesão física que apoquentava o mestre-de-cerimónias. Desde o rap mais puro e duro, passando pela balada, até à música das suas raízes, a multidão debaixo da pala degustava tudo religiosamente, não se coibindo de cantar e/ou pular quando o concerto assim sugeria. Desde logo se sentiu que foi um dos concertos que definiriam do SBSR 2017, algo que seria vincado no dia seguinte com a confirmação de Slow J para o palco principal na próxima edição deste festival. Merecido.

Os Octa Push era um dos poucos nomes que fugiam do espectro do hip-hop no cardápio do segundo dia, embora “Língua, o último trabalho de estúdio, tenha em África a sua mãe. Em formato banda, traduzindo a veia mais orgânica desse disco mais recente, e contando com convidados como Cachupa Psicadélica, foram entretendo facilmente quem se encontrava no perímetro do palco LG àquela hora.

Dentro da MEO Arena arrancou entretanto The Gift, que demonstraram uma vontade enorme de mostrar as novas canções pertencentes a “Altar”. O colectivo leiriense não baixou braços perante uma plateia extremamente curta para a qualidade que o seu concerto acabou por manifestar, tendo sido incluída num cartaz que desde logo não lhe era favorável, e foi progressivamente conquistando quem decidiu optar pelo palco principal durante o seu horário. Os temas do álbum produzido por Brian Eno soaram lindamente, enquanto «The Singles» fechou em clima de festa uma actuação muito bem conseguida desta banda incompreensivelmente mal-amada por cá.

Akua Naru era quem pontificava agora no palco EDP, regressando ao nosso país após passagem no Mexefest 2015, tendo igualmente passado pelo festival MED. Com uma forte vertente de spoken word, a artista do Connecticut trouxe-nos bons momentos de hip-hop, bastas vezes em registo de jam session, tendo assinado uma prestação sólida.

Outro dos nomes mais longe do hip-hop era London Grammar, cuja sonoridade marcadamente contemplativa nos fazia igualmente temer pelo sucesso duma actuação no palco do pavilhão. No entanto, a forte componente visual do concerto (provavelmente a mais bem concebida desta edição) e, essencialmente, o vozeirão de Hannah Reid mantiveram a multidão em suspenso, certamente boquiaberta várias vezes. Mesmo em momentos a roçar o registo a capella, a banda de Nottingham conseguiu manter o público a sonhar acordado, especialmente em temas como «Rooting For You» ou «Nightcall».

Era altura de esperar pelo cabeça de cartaz da segunda noite, Future, que atraiu logicamente ainda mais pessoas para o interior da MEO Arena. O rapper oriundo de Atlanta, que este ano editou já um par de discos, apresentou-se em palco na companhia de três dançarinos, contando ainda com o auxílio de um hype man que não estava no entanto à vista da plateia. Numerosos braços no ar, muitos pulos quando as batidas assim exigiam, e principalmente muitas letras na ponta da língua, facto que atesta sempre os seguidores fiéis que este género musical recolhe. No entanto, uma performance de hip-hop sem instrumentos, essencialmente para quem não se considera um conhecedor do estilo, acaba por ser enfadonho e a meio da actuação partimos a caminho do palco Carlsberg.

Na sala Tejo, onde desaguam sempre as noites o Super Bock Super Rock, a madrugada abriu com a prestação forte dos Beatbombers, que apresentaram ao vivo o fresquíssimo disco debutante homónimo, disponibilizado há escassas semanas. A dupla de campeões do mundo de scratch, constituída por Stereossauro e DJ Ride, contou com a perninha de Slow J, que reapareceu para interpretar «Puristas», que canta no referido álbum.

Um começo auspicioso para este palco numa noite que se prolongaria com os ritmos quentes de africana saídos respectivamente dos decks de Rocky Marsiano & Meu Kamba Sound, o projecto encabeçado por D-Mars, e Celeste/Mariposa, com tónica atribuída ao funaná, que foi mantendo os resistentes a bailar bem para além das 4 da manhã.



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