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Camomila ao vento #8

A última etapa…

Quando decidi viajar pela América do Sul imaginei visitar vários países de uma vez só. Tinha alguns meses pela frente, dinheiro no bolso e uma sede de conhecimento incrível. Mas uma vez na estrada, de mochila às costas, optei por ir viajando devagar, desfrutando dos sítios e das pessoas, em vez de acumular quilómetros e deixar os pormenores escaparem.

Assim foi. Uma viagem que começou nos Estados Unidos e que me levou ao Sul da América com o propósito de coleccionar o maior número de países possível, revelou-se antes uma exploração dos costumes, tradições e culturas de poucos países mas que pela sua grandiosidade geográfica se revelaram muito diversificados e ricos.

No último artigo falei-vos da selva amazónica, o chamado pulmão do mundo que ocupa grande percentagem do território sul-americano e que une as fronteiras de vários países. Neste ponto falar-vos-ei do último highlight da minha viagem, a passagem para o Peru.

O elo de ligação entre a Bolívia e o Peru chama-se Lago Titicaca. É considerado um dos chackras do planeta Terra e um local místico por toda a ocupação Inca que em tempos aqui houve. Esta carga energética que está presente em toda a cidade Copacabana e também em Puno já do lado do Peru é fundamental para prepararmos o nosso estado de espírito para a próxima aventura.

O Peru é todos os anos visitado por milhares de turistas que procuram este país por causa de Machu Picchu. Mas a verdade é que o Peru é muito mais que isso. Cuzco é apenas um ponto geográfico deste país tão grande e com uma biodiversidade tão rica.

Falarei por isso das Ilhas de Nazca, de Arequipa e das ilhas flutuantes de Puno porque acredito que todos vós já leram bastante sobre viagens a Cuzco que é aliás um dos sítios mais caros da América do Sul por ser tão turístico.

Puno, como disse, fica do outro lado do Lago Titicaca, já na fronteira peruana. A sua principal fonte de atracção são as ilhas flutuantes, construídas há mais de 700 anos pela mão dos Incas. São ilhas artificiais que pelo desgaste do tempo acabam por não ter o mesmo impacto que algumas imagens que podemos encontrar na internet, mas que ainda assim nos explicam um pouco do conhecimento avançado que esta civilização detinha.

A ida a Puno não é nada cara e facilmente conhecem viajantes pelo caminho com quem podem partilhar custos de transporte ou estadia. Daí, segue-se Arequipa. Cidade colonial com uma praça central de onde se avistam vulcões em actividade. Aqui vale a pena ficar por uns dias porque existem muitas atracções turísticas e para além disso é uma cidade com uma grande vida social. Um dos pontos a não perder é a imponente Plaza de las Armas, citada por guias como sendo a praça mais bonita de toda a América do Sul. Uma outra referência é o Mirador Yanahuara. A partir daqui podem deleitar-se com a vista incrível sobre o Vulcão El Misti entre arcos feitos de rocha vulcânica e um tapete de flores vermelhas.

Já na Bolívia destaquei a Feira de Tarabuco como sendo uma das feiras mais interessantes para compra de artesanato local, aqui no Peru destaco a Feira de Arequipa. Os preços são atractivos, e no meio daquele jogo de cores e tecidos certamente a dificuldade será escolher o que levar.

Finalmente, falo-vos das Linhas de Nazca. Este foi o melhor local possível para terminar a viagem. Um local místico, alvo de centenas de teorias diferentes, com uma grande energia e que continua a ser um mistério.

As linhas de Nazca foram criadas pelo povo do mesmo nome há centenas e centenas de anos atrás no deserto peruano e constituem um conjunto de desenhos geométricos de elevada dimensão com formas de animais e até de humanos à qual ainda ninguém conseguiu dar uma interpretação validada por unanimidade.

O ideal para se ver as linhas é sobrevoar a região da Pampa Colorada de helicóptero, mas devido ao elevado custo desta viagem, a maioria dos viajantes opta por subir ao topo de uma torre para conseguir visualizar estas representações do solo.

Para quem quiser conhecer um pouco mais sobre esta região e perceber a espiritualidade deste local aconselho a que leiam o livro “Chariots of the Gods” de Rich von Däniken. Eu fiz isso e foi importante para perceber melhor este local.

Assim termina esta primeira fase das aventuras da Camomila ao Vento.

A história vai continuar a ter capítulos, por outras paragens, mas para já despeço-me com um “até breve”.


Ilustração de Isabel Salvado



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