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Festival MED – dia 2 (01.07.2022)

Ao segundo dia, o festival MED apresenta um incremento de público altamente notório, desde logo a quem chegava ao topo da Praça da República. Facto que levou a organização a providenciar entradas alternativas para o certame, de modo a escoar mais rapidamente a multidão.

Johnny Hooker foi o artista que iniciou esta nossa segunda noite, e um dos que mais estimulava o nosso interesse. Sempre criativo, provocador e activista, o brasileiro foi desfilando orgulhosamente no Palco Chafariz a sua lasciva discografia, visitando de forma equilibrado os três discos que compõem a sua obra actual. Pelo meio, quase como interlúdios das canções, não faltaram os sentidos discursos acerca de liberdade sexual e da urgência em agir politicamente no Brasil, incluindo um sentido agradecimento à sua mãe (presente na plateia) e a dedicatória ao amor perdido para a pandemia (através do arrebatador “Amor Marginal”). Foi um concerto em crescendo, e que ofereceu a oportunidade de escutar ao vivo, pela primeira vez, os temas pertencentes a «Ørgia», trabalhado editado já no decorrer de 2022.

Seguia-se, igualmente no mesmo palco que a actuação acima abordada, um músico bem conhecido dos festivais portugueses: Bombino. E nem as constantes visitas que nos faz retiram brilho ou frescura a cada actuação com que nos brinda. Num concerto sempre em alta rotação, fazendo levantar a poeira do deserto em plenas ruas louletanas, com as suas guitarradas propulsionadas por uma secção rítmica verdadeiramente incansável, e que nunca permite que o público deixe de bater o pé ou abanar a cabeça, no mínimo.

Ao Palco Cerca subiam os interventivos Ikoqwe, projecto saído das mentes de Batida (Pedro Coquenão) e Ikonoclasta (Luaty Beirão). O primeiro é o responsável pelas camadas de música electrónica (contendo igualmente fagulhas de música tradicional angolana) sempre interessante que proporcionam a base sob a qual o segundo vai debitando as suas críticas sociais, sempre de um modo bem sui generis, incluindo algumas performances teatrais ao longo do concerto, nunca tapando uma veia política e social bem saliente.

Para fechar a noite de sexta-feira, apresentaram-se no Palco Matriz os Ghetto Kumbé, que cumpriram largamente o objectivo de prolongar e encerrar de forma animada a festa. Usando a percussão como o esteio das suas criações, o colectivo colombiano mistura ritmos tradicionais caribenhos (e com as suas vestes decoradas a preceito com a sua zona de origem) com outras batidas mais electrónicas vindas do house, ou de outras bases mais futurísticas. Faixas como “Tashii” demonstram bem a sonoridade dos Ghetto Kumbé, que fez dançar o mais resistente público até à hora de encerramento do festival.



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