Supernada @ Lux | 29 de Março
“Manel, és o maior, caralho!"
O projecto que teve por base ser algo descomprometido e sem a ambição inicial de gravar um disco, tornou-se quase de imediato num fenómeno poderoso de desejo por parte dos ouvintes mais atentos que queriam ver materializadas essas canções nos seus leitores de mp3 ou aparelhagens. De 2002, data da formação da banda, até 2012 passou-se uma década, mas, finalmente, podemos respirar de alívio. O livro-disco “Nada é possível” viu a luz do dia e já se encontra à venda desde dia 26 de Março.
Manuel Cruz dá a voz aos Supernada, como que um super-herói pois todos os ramos da sua árvore musicológica (Pluto, Ornatos Violeta e Foge Foge Bandido), mantém-se indestrutíveis na indústria musical. Francisco Fonseca (bateria), Ruca Lacerda (guitarra), Miguel Ramos (baixo) e Eurico Amorim (teclas) são os companheiros nesta odisseia que se espera prolongada.
Tendo em conta que o grupo apenas pretende criar música e tocá-la ao vivo, todas as oportunidades de assistir a um concerto deverá ser levada em conta como uma experiência única. E foi mesmo isso que aconteceu no Lux, em Lisboa, que estava muito bem composto nesta noite.
Depois de uma ansiosa espera (quase uma hora na fila de espera para entrar), passavam 10 minutos das 23 horas quando os cinco rapazes subiram ao palco e, ao longo de 55 minutos, tornaram-se os reis da noite. Mas foram poucas as palavras direccionadas ao público – palavras não cantadas porque todas as canções foram entusiasticamente interpretadas para o público! Foi com «Ovo de Silêncio» que abriram o concerto e, com o mesmo ritmo fulgente, deram voz a canções que não mergulham no caos, mas que o revisitam e nos fazem pensar, como «Perigo de Explosão» e «Anedota» que, segundo Manel Cruz, retrata “uma criança que cresceu, se meteu nas drogas e ficou diferente”. Não faltou a «Arte quis ser vida», o single que roda nas playlists nacionais, «Pai Natal», «Isto não é nada» e mais outras «Letras Loucas» que fizeram parte do alinhamento, assim como «Espuma», que foi a última canção da noite.
Durante o concerto, o olhar do público transformava-se e transmitia raios de admiração pela “banda do Manel Cruz”. Houve aqueles que cantaram as músicas do princípio ao fim; outros mais comunicativos e que no fim de cada canção gritavam “Manel, és o maior, caralho!” e que ainda lhe chegou a dar a em mão uma garrafa de cerveja em forma de brinde; e ainda houve quem gritasse incisivamente para o Manel Cruz tirar a sua camisa, acção que acabou por decorrer mais tarde e com o próprio a enviar um beijo direccionado ao indivíduo provocador.
Tudo o que se vê em palco é real. Profundamente real, de uma cumplicidade avassaladora e a parafernália de instrumentos (desde ferrinhos e martelinhos e megafone) enche-nos a alma. Se Camões e Saramago são nomes imortais na literatura nacional, Manel Cruz é, com toda a certeza e convicção, o nome imortal da música nacional. Sim, ele é o Rei! O Hard Club, no Porto, é o próximo destino e está agendado para o dia 4 de Abril.
Fotografia por Marisa Cardoso. Galeria fotográfica aqui.
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