Total War: Warhammer | Análise
A combinação da jogabilidade de Total War com o universo de fantasia de Warhammer tem como resultado uma experiência sem precedentes!
A série Total War marcou finalmente, no dia 24 deste mês de Maio, o seu regresso. Com um título que deixa de lado os momentos marcantes da história mundial para se focar no igualmente bélico mas também “fantástico” universo de Warhammer, ao ser anunciado pela primeira vez, Total War: Warhammer surpreendeu todos os que há muito aguardavam o regresso desta tão conceituada série de estratégia. A curiosidade e expectativa geradas mostraram que há definitivamente espaço para mais Total War mas será que os fãs que há tanto anseiam pelo seu regresso vão responder de forma positiva a este novo foco no universo criado pela Games Workshop?
Mais de meio milhão de vendas logo após os primeiros dias em que chegou às lojas indica que sim e nós não podíamos estar mais de acordo. A combinação da jogabilidade de Total War com o universo de fantasia de Warhammer tem como resultado uma experiência sem precedentes, talvez até a melhor que já agraciou a série que agora se mostra completamente revigorada.
Fugindo completamente às tradicionais unidades de infantaria e artilharia às quais a série tanto nos tem vindo a habituar, pela primeira vez, dragões, grifos, cavalos alados e tantas outras unidades voadoras percorrem os céus dos mapas de Total War. Ao seu comando, no chão, Heróis e Senhores da Guerra fazem-se acompanhar também por cavaleiros, empunhando as mais variadas armas, ogres, aranhas gigantes, feiticeiros e mortos-vivos, o que só ajuda a que os confrontos atinjam, agora, proporções épicas.
Quatro raças disponíveis – ou cinco, pois a pré-encomenda ou a aquisição do jogo no período de lançamento dá acesso a mais uma como DLC – fazem com que, jogar com uma ou outra, dê lugar a experiências completamente distintas no modo Campanha ou no modo Batalha. Isto porque cada raça se faz acompanhar de uma identidade muito própria que se reflecte na sua postura face aos membros da sua própria raça ou das restantes, na sua linha de objectivos e nos meios aos quais irá recorrer para os alcançar. Portanto há todo um leque de regras que teremos de aprender a respeitar e habilidades e mecânicas únicas que teremos de saber explorar mas que nos transmitem uma agradável sensação de diversidade que nos fará voltar vezes sem conta para explorar um pouco mais do que cada raça tem para oferecer.
Conquistar cidades ao comando de devastadores exércitos de mortos-vivos, ou escavando túneis com os nossos matreiros anões é qualquer coisa e o mesmo acontece quando com um feiticeiro conseguimos derrubar um exército inimigo. Só que, claro, não podemos deixar de considerar o reverso da moeda. Veja-se o caso dos Orcs. O nosso exército pode estar no meio de uma crescente expansão territorial só que abordagens mal calculadas podem marcar o nosso fim, pois a mais simples derrota leva a que as tropas comecem a lutar entre si. Isto dura até à próxima vitória do herói em questão mas até então a estabilidade e a moral das nossas forças estará seriamente comprometida.
Como não podia deixar de ser, também a gestão do nosso império está também presente em Total War: Warhammer. Esta componente surge ligeiramente mais simplificada, se a compararmos com os títulos anteriores da série mas não a subestimem. Saber com quem forjar alianças, por exemplo, aceitando ou contrapondo os termos das mesmas – mesmo fazendo apelo às mesmas por iniciativa própria – continua a ser crucial. Porém, não se deixem enganar, analisem bem a vossa presença no mapa e decidam: mas afinal quem é que tem de pagar a quem para que os ataques parem? Isto já para não falar da clara importância que acarreta também a manutenção do tesouro e das vossas tropas. Aqui, já por meio da investigação de tecnologias ou da edificação de estruturas militares que ajudam a expandir o vosso leque de unidades de combate disponível ou de cariz social que ajudam no aumento de rendimentos e estabilidade. Quanto mais argumentos tiverem na guerra que está a decorrer em Total War: Warhammer mais vincada será a vossa presença e consequente expansão territorial.
Apesar de estar mais simplificada não deixa por vezes de ser complicado gerir tanta coisa ao mesmo tempo. Felizmente que o jogo se faz acompanhar por um óptimo sistema de tutorial e de um conselheiro que nos ajuda ao longo da primeira campanha e das restantes, se assim o desejarmos. Só que claro, é em combate que este jogo ganha o seu verdadeiro brilho. O percorrer dos mapas por turnos já não é novidade. A exploração leva a que outros povos com os quais podemos interagir venham a ser descobertos mas é quando se dá um choque de exércitos que Total War: Warhammer atinge o grau de excelência. A maior parte destes confrontos pode ser resolvida automaticamente se o jogador assim o decidir mas se quisermos assumir o papel de general damos por nós a contemplar a extensão das nossas forças no campo de batalha. A câmara pode ser controlada a 360 graus e antes da batalha começar há que saber posicionar as nossas tropas. Querem montar emboscadas escondendo, por exemplo, arqueiros nas florestas em redor ou sentem-se confiantes e preferem simplesmente carregar sobre o vosso adversário? A escolha é vossa e saber posicionar as vossas tropas é mais de meio caminho para a vitória.
Apesar de ocorrerem algumas nuances a nível técnico, não há nada que comprometa a experiência ao jogador. Ou melhor, se houver não dei por isso. O som que acompanha as batalhas confere a tão desejada intensidade aos confrontos e visualmente este é um título que em nada desaponta. Os fãs do género têm sem dúvida aqui uma experiência incontornável repleta de conteúdo para explorar e horas de jogo de proporções épicas que só melhoram quando partilhadas com amigos e desconhecidos online. Para os fãs mais veteranos da série Total War, talvez seja difícil olhar com bons olhos para esta transição drástica do mundo real para o de fantasia de Warhammer. No entanto acreditem que esta é uma combinação que assenta que nem uma luva no género e se decidirem dar-lhe uma oportunidade a Total War: Warhammer de certeza que não se vão arrepender. As horas vão passar e vocês nem vão dar por isso!
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Filipe, como tradutor, gostaria de saber a sua opinião sobre a tradução do jogo. Pode compartilhar?
Olá Teepo!
Devo dizer que essa é uma pergunta bem pertinente. Por norma, passo os jogos na língua original. Junto o útil ao agradável, enriqueço o meu vocabulário e evito soluções erradas ou com as quais não concordo.
No caso deste Total War: Warhammer o caso não foi diferente. Como o próprio nome
indica, aqui junta-se o melhor de dois mundos: O de Total War e o de Warhammer. Acontece o mesmo nas duas séries mas, sobretudo, Warhammer traz consigo um vocabulário muito próprio e de cariz “fantástico”, repleto de termos e nomes, cidades, criaturas, habilidades, raças e por aí fora, muitas vezes derivados da combinação de palavras do vocabulário inglês. Pegar em tudo isto e traduzi-lo para outra língua, chega a ser uma tarefa hercúlea.
Uma vez que não estava disponível a tradução de Português de Portugal, para
responder à tua pergunta, transitei o idioma do jogo para o Português Brasileiro. Não tenho nada contra, aliás, face à dificuldade mencionada em cima acho que cumpre, se bem que podia ter sido mais trabalhada. Não quero entrar em pormenores, pois longe de mim, querer sobrepor-me ao trabalho de outro colega mas acho que
algumas soluções complicam onde não é necessário. Muitas vezes simples a troca de uma palavra tornava tudo mais fluido e menos pesaroso de ler.
Além de tudo isto, a tradução repete algo que acontece, por exemplo, na de Game of Thrones e com o qual não concordo. Sou apologista de que uma vez que os nomes não se traduzem, sobretudo neste caso em que foram concebidos com outra
língua que não a nossa em mente. Com o tradutor a obrigar-se a traduções literais de vários conteúdos do jogo muita da riqueza do jogo perde-se e infelizmente isso só me afasta e me faz manter a minha postura de jogar na língua original.
Claro que caso não te sintas à vontade com o inglês e se fores um fã do género
ou se te sentires tentado a experimentar o jogo, não deixes que isso te impeça de jogar Total War Warhammer. A tradução cumpre o quanto baste para que te divirtas e para que a tua experiência de jogo não seja comprometida. Agora se quiseres desfrutar dela ao máximo, só mesmo na língua original.
Espero ter respondido à tua pergunta!