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NOS Alive! 2024 | Dia 1 (11.07.2024)

Benjamin Clementine arrebatou o Palco NOS, conseguindo ser um corpo estranho vitorioso, enquanto o cardápio dos Arcade Fire mostrou ser sempre irresistível. Black Pumas e Parcels rebentaram as costuras do Palco Heineken.

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Texto por Álvaro Graça e fotografia por Graziela Costa.

O primeiro dia do festival do Passeio Marítimo de Algés apresentava o menu mais recheado desta edição, numa jornada em que o público, apesar de não terem esgotado as entradas, rechearam de forma transbordante um Palco Heineken onde pareciam escondidos os tesourinhos.

Foi precisamente no parâmetro do palco secundário que começámos o nosso NOS Alive 2024, ao som familiar e desafiante em partes iguais da Unknown Mortal Orchestra, que 10 anos antes haviam pisado este mesmo palco com uma exibição mais em jeito de jam session. Desta feita, os neozelandeses encabeçados pela guitarra de Ruban Nielson cingiram-se mais às canções, tendo as mais famosas gerado um burburinho meio contido no seio da audiência.

Ainda assinámos uma passagem pelo Coreto, mas tornou-se humanamente frustrante tentar captar as composições que o Tipo ia apresentando (ou tentando, com visível descontentamento entre músicas) dada a incomum onda de som que ressoava do Palco NOS.

Entrámos na variante do Palco WTF Clubbing para assistir ao espírito sempre místico do Conjunto Corona, que as suas batidas gordas de hip-hop que se espera terem conquistado a admiração do edil de Oeiras para um desejado repasto tão propalado por David Bruno. Por entre os bitaites sempre suculentos e algumas gotas de hidromel, a campanha reuniu certamente o voto da grande maioria.

Benjamin Clementine não é um corpo que normalmente encaixaria no Palco NOS, onde invariavelmente se encontra um mar de gente, o que não rimaria com a sua sonoridade essencialmente intimista. Contudo, este extraterrestre contava com alguns trunfos, como são as suas formidáveis composições, o estrondo que sai das suas cordas vocais, e a lata admiração que coleccionou ao longo dos anos em Portugal (numa devoção sem paralelo noutras latitudes). Recorreu às cordas para preencher as canções, ensinou-nos a cantar mais uma vez e derreteu-nos como só ele sabe. Pela enésima vez.

Ao retornarmos ao Palco Heineken foi totalmente impossível tentar entrar na tenda secundária, tal não era o oceano de gente que já se encontrava ao som dos ansiados Black Pumas. Um fenómeno que se repetiria um par de horas mais tarde, no mesmo local do crime, para dançar com os irresistíveis Parcels, num acontecimento ainda assim mais previsível.

Meio surpreendentemente, o palco principal acabou por ser o espaço mais confortável para assistir a concertos neste primeiro dia de NOS Alive, onde reencontrámos Billy Corgan e seus pares, estando o vampiro em muito bom espírito. Algo que se foi constatando com os inúmeros êxitos que os Smashing Pumpkins foram oferecendo à plateia, num movimento que tinha sido bastante renegado em digressões dos últimos largos anos (dependendo sempre do estado de alma dos protagonistas). «1979», «Bullet With Butterfly Wings», «Tonight, Tonight», «Zero», «Disarm», «Today» foram alguns dos momentos mais ovacionados da actuação, ao fim da qual fizemos as pazes com uma banda de quem ainda gostamos muito.

A fechar este mesmo Palco NOS, outro regresso, logicamente mais apoteótico, assinado pelos Arcade Fire. O agrupamento canadiano virou praticamente a discografia do avesso e registou um concerto quase em formato best of, sempre devidamente (ou mais ou menos, vá) acompanhado pelas gargantas daqueles que enchiam a praça maior do NOS Alive. Foi uma performance sem momentos baixos e que, sem qualquer tipo de julgamento, mostrou que a banda passou incólume às notícias nefastas que foram pairando sobre a mesma durante os anos mais recentes.

Leiam aqui as reportagens do segundo e terceiro dia do festival.



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