Woody Allen
Regressa com um novo filme, “Anything Else”, que serve de mote para uma breve revisão da sua vasta carreira.
“Human Beings are divided into mind and body. The mind embraces all the nobler aspirations, like poetry and philosophy, but the body has all the fun.”
Frases como esta são bastante características do homem que muitos consideram como um dos mais importantes no meio artístico do passado século. Nasceu no ano de 1938 em Nova Iorque no mítico bairro de Brooklyn com o nome de Allen Konigsberg, mas adoptou o nome de Heywood Allen sendo conhecido no mundo do espectáculo por Woody Allen. Mais do que um realizador, Allen é um homem do espectáculo.
Actor, argumentista, autor e produtor são alguns dos seus atributos no mundo do cinema e pelos quais é mais conhecido e admirado mas também trabalhou no teatro, participou em vários programas de televisão, gravou discos e escreveu livros.
A sua vida pessoal está directamente relacionada com a sua carreira profissional. Em todas as suas obras a sua descendência judia e as raízes a Brooklyn e Nova Iorque são notórias, assim como a sua grande paixão e fascínio pelas mulheres, atribuindo-lhes sempre personagens muito fortes. Um exemplo desta relação entre a vida pessoal e o seu trabalho, é a presença nos seus filmes das suas esposas da época, Diane Keaton nos anos 70 e Mia Farrow nos anos 80 são os exemplos mais notórios dessa cumplicidade.
A vida matrimonial de Woody Allen sempre foi muito controversa e cheia de peripécias e escândalos. O maior, terá acontecido em 1992 quando se tornou público o seu romance com a enteada de 21 anos, a coreana Soon-Yi Previn, filha adoptiva da actriz Mia Farrow, com a qual se casou posteriormente em Veneza, cidade que o fascina.
Allen terá sido o maior culpado de toda esta invasão de privacidade, devido às suas personagens e filmes muitas vezes auto-biográficos, mostrando ser uma pessoa muito permeável e ao mesmo tempo neurótico e possesivo.
A sua carreira começou bem cedo, aos 17 anos, passando pelos mais importantes programas de humor da TV americana, até ser descoberto em 1965 pelo produtor Charles Feldman para escrever e interpretar “What’s New, Pussycat”. A partir daí seguiram-se dezenas de filmes, três peças de teatro, dois livros tendo como momentos altos da sua carreira os Óscares em 1978 e o festival de Cannes em 2002 onde recebeu o maior galardão do certame que premiou toda a sua carreira.
Em 1978 igualou o feito de Orson Welles ao concorrer, simultaneamente, ao Oscar da Academia de Hollywood como Melhor Director, Melhor Argumento e Melhor Actor, isso tudo com aquele que acabou sendo escolhido o melhor filme do ano: “Annie Hall”. Com este filme, conseguiu nada menos do que 4 estatuetas – Melhor Filme, Director, Argumento Original e Melhor Actriz (Diane Keaton).
Entretanto, Allen não foi receber os prémios e preferiu ficar em Nova Iorque a tocar clarinete com os seus amigos no Michael’s Pub, na Rua 57, como faz todas as segundas-feiras. Depois explicou o porquê da sua ausência na cerimónia de entrega dos Oscares: “Eu sei que soa terrível, mas ganhar o Oscar não significa nada para mim. Quando você vê quem ganha e quem não ganha, pode perceber a falta de sentido do Oscar”.
Depois de muitos filmes ao longo de todos estes anos, Woody Allen regressa aos cinemas portugueses com “Anything Else”, estando já a rodar nos Estados Unidos o seu sucessor.
O 48º filme de Allen foi o escolhido para encerrar o festival de Veneza deste ano e conta, para além do próprio Allen, com Christina Ricci, Danny De Vitto e Jason Biggs. “Anything Else” é uma comédia romântica sobre a relação de uma jovem (Ricci) e um homem de meia-idade (Woddy Allen). O cenário, como não podia deixar de ser, é a cidade de Nova Iorque. O filme estreou em Setembro nos EUA e já se encontra em DVD nas principais lojas Norte Americanas. Em Portugal, estreia dia 29 de Janeiro em Lisboa e no Porto.
Com uma quantidade enorme de seguidores e admiradores por todo o mundo, Woody Allen teve o mérito de criar uma personagem que entrou para a mitologia de Hollywood: um homem de óculos, franzino, desajeitado e tímido, que socialmente se revela um intelectual e agrada às mulheres.
Sem dúvida que será recordado como um dos maiores e mais excêntricos artistas do século XX.
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