Bubok

Write It Yourself ou a revolução dos livros.

Bubok.pt: o futuro dos livros passa por este endereço. Criada em Espanha, em 2007, a Bubok traz agora, a Portugal, o primeiro serviço para autores portugueses, em que está nas mãos do autor querer editar e ser capaz de promover o seu livro.

À semelhança de serviços como o Myspace, na área da música, e do Youtube, na área de vídeo, a Bubok é um sistema de auto-publicação numa plataforma 2.0 que segue a mesma lógica: funciona como uma comunidade, existe para autores que são Do It Yourself, é universal e gratuita.

Lançada exclusivamente para as plataformas Web – redes sociais, blogues, fóruns de literatura -, em Junho passado, a Bubok.pt regista, hoje, mais de um milhar de seguidores no Facebook e no Twitter, e a média “possivelmente recordista” de três livros publicados por dia. “Com base nos índices de crescimento da comunidade Bubok em Espanha, acreditamos que este é apenas o primeiro patamar para a criação de uma comunidade de autores/leitores atentos às publicações dos seus pares e críticos na construção de um novo contexto para a edição de livros baseado na auto-publicação”, afirma a equipa da Bubok.pt.

Sublinhando as diferenças, o country manager da Bubok em Portugal, Alexandre Lemos esclarece que “a Bubok não é apenas uma editora online, um sítio onde se manda imprimir um livro, estando organizada de maneira a permitir a qualquer autor aceder ao site da Bubok e transformar um texto que tem em digital, seja num ebook, seja numa edição em papel”.

A palavra democracia é perigosa e ambígua, nos dias que correm, mas quando se fala no conceito que funda a Bubok, podemos falar numa publicação de livros completamente democrática: em poucos minutos e seguindo cinco passos (já conhecidos de outros serviços online), qualquer autor pode publicar qualquer texto sobre qualquer temática.

Para a Bubok, não há critérios de selecção no que diz respeito a obras ou a autores. Para que a procura do utilizador seja mais fácil, encontra-se divida por temas, com tags (etiquetas). Recentemente, foi inaugurado o género político-erótico, numa altura em que as águas políticas andam mais agitadas. “O livro “Uma noite de paixão com F. Leite” aproveita bem, achamos, a oportunidade de auto-publicação e de exploração imediata do presente que a Bubok.Pt disponibiliza aos que escrevem em português”, descreve a editora.

Para cada livro encomendado é impresso apenas um livro (print-on-demand); não há tiragens excedentárias, não há livros desperdiçados. A preocupação relativa à sustentabilidade dos livros num formato tradicional está bem patente no fundamento da Bubok: “Os livros continuam a ser objectos com páginas, com tinta, com cheiro, mas num contexto contemporâneo em que temos de estar atentos a outras possibilidades. Para continuar a ter o livro de papel, temos também que perceber que não podemos continuar a fazer tiragens enormes e guardá-las na garagem, pois os nossos recursos naturais não vão continuar a permitir isso”, realça Alexandre Lemos.

O processo de formação de preço dos livros é também distinto do tradicional: se um autor quiser ganhar com o livro, é ele que define a margem de lucro; dessa margem, 80 por cento são para o autor e 20 por cento são para a Bubok, sendo que o mesmo se aplica ao digital. “Se formos comparar esta proporção com o que a edição tradicional tem para oferecer aos autores – ronda os cinco a dez por cento de vantagem para o autor -, o processo torna-se bastante vantajoso”, revela Alexandre Lemos.

Apostando sobretudo na revisão pelos pares ou peer review, a Bubok.pt tem, também, serviços que podem ajudar o autor a fazer a sua edição com pleno acompanhamento, seja gráfico, seja de revisão. Alexandre Lemos vê na peer review grandes vantagens: “Esta pode ser concebida de forma vantajosa, já que no caso de serem obras de alguém que quer trabalhar especificamente para este contexto novo e volátil da edição em causa própria, a revisão pelos pares pode ser garantida quer pelas pessoas próximas de nós, quer pelos próprios autores da comunidade Bubok”.

“Interessam-nos muito as comunidades que já têm tradição de fazer recensão às obras dos seus pares, como é o caso da troca de receitas ou de fotografias na internet. Este é o modelo de desenvolvimento da Bubok.pt: alguém escreve um livro, publica-o na Bubok.pt, e um outro autor pode opinar sobre ele. É, sobretudo, uma comunidade de autores”, acrescenta.

Até agora, as reacções não podiam ser melhores: “Alguns dos autores portugueses que já tinham publicado na Bubok.es reagiram de forma absurda, num sentido entusiástico. Alguns são residentes em Espanha e viram o que aconteceu com a Bubok no último ano e meio, tendo a expectativa de que isso possa acontecer cá, sendo uma oportunidade de descobrirmos uma série de autores e uma série de linguagens que desconhecíamos”, conta Alexandre Lemos.

Fundada em Espanha, há menos de dois anos, a Bubok foi criada por Angel María Herrera depois deste ter constatado que, na sua editora, a Grupo Búho, recebiam muitos livros que não editavam. Desta forma, nasceu a Bubok, “como um serviço específico para quem acredita em si mesmo, para quem se quer publicar”, explica Alexandre Lemos. Para o country manager da Bubok em Portugal, Herrera destaca-se pela “capacidade de transformar ideias em negócios, sobretudo para esta nova forma de internet, chamada 2.0, em que são os próprios visitantes ou os próprios autores que vão construindo a internet”.

Em Espanha, o crescimento da Bubok foi “meteórico”: 20 mil autores, um milhão de visitas ao site, só no primeiro ano, e 50 mil euros distribuídos pelos autores, nos primeiros 5 meses. Entre os autores que editavam em Espanha, havia autores de língua portuguesa, oriundos de todo o mundo. Foi assim, aliás, que a Bubok começou, gradualmente, a disponibilizar os seus serviços em português, até ter tomado a decisão de criar uma Bubok.pt.